Economia

Apesar de ata do Copom, mercado aposta em Selic estável neste ano

Em contrapartida, mercado já eleva as expectativas de juros para 2005, a fim de que o reajuste do petróleo não tire a inflação da meta estabelecida pelo governo

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h35.

O Comitê de Política Monetária, do Banco Central (Copom), pelo segundo mês consecutivo, sinaliza que há possibilidade de aumento na taxa básica de juros (Selic). De acordo com a ata da última reunião, divulgada nesta quinta-feira (26/8), a medida seria tomada para conter a inflação - as projeções para os próximos meses estão altas e o preço do petróleo no mercado internacional pressiona ainda mais. A conclusão da ata é que, se continuar assim, o Brasil irá estourar as metas de inflação em 2004 e 2005. Apesar disso, a tendência do mercado ainda é apostar na manutenção da Selic em 16% ao ano até dezembro.

"Nosso cenário prevê, por enquanto, a manutenção dos juros até fevereiro ou março de 2005", afirma Sandra Utsumi, economista-chefe do BES Investimentos. Segundo Sandra, não se pode descartar definitivamente uma alta da Selic ainda neste ano, mas isso só ocorrerá se houver uma elevação muito brusca dos preços do petróleo, que deteriore bastante a expectativa de inflação do próximo ano. Se isto não ocorrer, o mais provável é que os juros subam apenas no ano que vem. "O próprio mercado se encarregou de fazer um ajuste e está elevando a taxa de juros futuros. O que o BC fez foi reconhecer este movimento", diz Sandra.

Segundo o relatório de mercado do BC divulgado na segunda-feira (23/8), a expectativa do mercado para a inflação de 2005, medida pelo IPCA, continua em 5,50%, como há quatro semanas. Em contrapartida, os analistas esperam que a Selic encerre o próximo ano em 14,75% ao ano, contra os 14% projetados há quatro semanas. A taxa média de juros, em 2005, foi revista para 15,25%, contra 14,50%.

Incertezas

Os pontos críticos para o BC foram destacados com clareza na ata do Copom. O BC mostrou preocupação quanto ao preço do petróleo, "na medida em que essa alta possa se tornar não só mais intensa como também mais persistente do que se antevia". A deterioração das expectativas da inflação para 2005, por sua vez, foi classificada de "ainda incipiente". De qualquer modo, o mercado entende que há margem para a Petrobras reajustar os combustíveis, ainda em 2004, sem prejudicar o cumprimento da meta inflacionária. "Há espaço para um reajuste de até 10%, para se acomodar a um patamar de 35 dólares por barril de petróleo", afirma Sandra.

O BC também está preocupado com o crescimento da atividade econômica. O bom desempenho dos indicadores econômicos exige "cautela redobrada na condução da política monetária, de modo a preservar o equilíbrio entre oferta e demanda agregadas. Se a rápida expansão da demanda se confirmar, é preciso monitorar com muita atenção o risco de descompasso entre o produto efetivo e o potencial", afirma o texto. Para Sandra, o fato é que nem o mercado, nem o governo, estão conseguindo medir adequadamente o impacto da expansão econômica sobre o equilíbrio entre oferta e procura.

A decisão de aumentar a taxa de juros (16% ao ano), no entanto, ainda não está decidida e depende do comportamento do preço do petróleo e às expectativas de inflação para os próximos meses. O BC se preocupou em avisar que se a Selic subir, isso "não acarretará prejuízos ao processo de crescimento sustentado da economia brasileira".

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