Antagonismo é do mercado comigo e não o contrário, diz Ciro
"É aquela pequena fração do mercado que vive no Brasil na especulação financeira", disse após palestra em fórum da indústria de cana-de-açúcar
João Pedro Caleiro
Publicado em 18 de junho de 2018 às 13h06.
Última atualização em 18 de junho de 2018 às 14h17.
São Paulo - Ciro Gomes , pré-candidato à Presidência pelo PDT, negou nesta segunda-feira (18) que seja hostil ao mercado financeiro.
"O antagonismo não é meu com eles, é deles comigo, porque é aquela pequena fração do mercado que vive no Brasil na especulação financeira e que se atribui poderes superiores ao da democracia. Esta tutela eu não aceito, mas não tenho estigma contra ninguém".
As declarações foram dadas à imprensa após palestra no UNICA Fórum, evento do setor da indústria de cana de açúcar, em São Paulo.
Analistas vem atribuindo parte do movimento de queda da bolsa brasileira e depreciação do real ao bom posicionamento na pesquisas eleitorais de candidatos identificados com propostas intervencionistas, populistas ou que geram risco fiscal.
Câmbio
A equipe econômica de Ciro vem citando o câmbio como um fator de competitividade central para o projeto de desenvolvimento do candidato.
“Sobre o tripé (econômico), os vértices podem não ser os mesmos… o câmbio não é mais tão flutuante”, disse Nelson Marconi, coordenador do seu programa, em entrevista recente para a Reuters. “Tem que ter uma certa previsibilidade, tem que diminuir essa variância do câmbio.”
À EXAME, Ciro se negou a citar o nível de câmbio considerado ideal, dizendo que o número é dinâmico e dado pelas condições da economia.
No entanto, indicou que o primeiro governo Lula, após receber um câmbio muito desvalorizado, teria permitido que ele se valorizasse demais.
O pré-candidato disse também que com a depreciação que está acontecendo atualmente, o governo Temer pode "até entregar isso resolvido", de forma que seria possível baixar a taxa no próximo mandato.
Na sua palestra, Ciro disse que estávamos sendo "inocentes e bobos" ao defender o livre comércio no contexto global atual e lamentou a perda de importância da indústria na economia brasileira.
"Tudo o que está errado no Brasil não pense que esta errado porque existe um manual do que dá certo", disse ele. “O que precisa ser feito no brasil vai ser duro e amargo”.
Ele também classificou Paulo Guedes, principal economista da equipe do pré-candidato Jair Bolsonaro, como um "liberal tosco da Universidade de Chicago".
Guedes fez doutorado na universidade, considerada o principal centro acadêmico do pensamento liberal.