Economia

Analistas divergem sobre redução da meta de inflação

O sócio do BTG Pactual Eduardo Loyo defendeu taxativamente a redução da meta; o ex-diretor do BC, Sérgio Werlang, defendeu sua manutenção

Inflação: a discussão sobre a revisão da meta de inflação causou divergência entre os economistas presentes ao seminário (foto/Getty Images)

Inflação: a discussão sobre a revisão da meta de inflação causou divergência entre os economistas presentes ao seminário (foto/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de março de 2017 às 20h05.

Rio - A redução da meta de inflação do Brasil, hoje em 4,5%, gerou divergências entre economistas no Terceiro Seminário Anual de Política Monetária do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

O economista-chefe e sócio do BTG Pactual Eduardo Loyo defendeu taxativamente a redução da meta.

Ele destacou que a pesquisa Focus do Banco Central revela que as médias das distribuições das projeções dos analistas já estão abaixo dos 4,5% e em queda para anos mais distantes - embora as medianas ainda estejam alinhadas ao 4,5%. "Sou muito favorável à redução da meta", afirmou.

Para o economista do BTG, isso não quer dizer "dar um salto para qualquer patamar", confiando na "credibilidade infinita do Banco Central".

Isso porque não se pode desprezar a influência da inflação passada sobre a Curva de Phillips (que relaciona inflação com desemprego).

"De qualquer forma, também nesse aspecto temos condições altamente propícias à redução da meta. Estamos dando a sorte de ter sofrido um choque favorável, que vai fazer inclusive com que a inflação caia abaixo da meta. Isso vai facilitar que a gente vá para um nível mais baixo", disse.

A discussão sobre a revisão da meta de inflação causou divergência entre os economistas presentes ao seminário.

O ex-diretor do Banco Central e assessor da presidência da FGV, Sérgio Werlang, foi criticado por defender a manutenção do centro da meta em 4,5%, acima da média dos países emergentes que adotam o sistema de metas inflacionárias.

"Concordo que uma inflação de 4% seria melhor que uma de 4,5%, se o nosso País tivesse uma institucionalidade diferente da que tem. Infelizmente aqui não é possível fazer cortes de salários no setor público ou no setor privado. A única maneira de fazer isso ainda é com inflação mais alta", disse Werlang.

Ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, Werlang disse que esse quadro de assimetrias que trazem problemas fiscais dificilmente deve mudar até 2019, ano para o qual se discute uma possível revisão da meta de inflação pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

O também ex-diretor do BC Afonso Bevilaqua rebateu o argumento de Werlang, dizendo que ele vale para qualquer meta. "Você está implicitamente alegando que reajustes de salários correm na frente da inflação, mas se houver uma métrica que faça com que salários se acomodem ao longo do tempo na meta, eles vão ser menores", disse.

Para Bevilaqua, o fato de existir um desequilíbrio não impede a inflação de ser mais baixa. "Os problemas do Brasil são semelhantes a problemas que você vê em outros países que convivem com inflação de 3%. Não entendo por que no caso do Brasil sejam tão diferentes a ponto de justificar uma inflação mais alta", afirmou.

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