Economia

Analistas afirmam que PIB brasileiro pode afetar o Mercosul

Segundo o IBGE, o PIB encolheu 0,6% no segundo trimestre do ano, após a redução de 0,2% registrada entre janeiro e março

Ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante uma coletiva de imprensa em São Paulo (Chico Ferreira/Reuters)

Ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante uma coletiva de imprensa em São Paulo (Chico Ferreira/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2014 às 22h47.

São Paulo - A contração pelo segundo trimestre consecutivo do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, interpretada pelos economistas nesta sexta-feira como uma "recessão técnica", pode afetar os demais países da região, principalmente os do Mercosul.

"Tudo depende de qual pedaço da América Latina se fale. Os países do Mercosul que são os mais integrados com o Brasil devem sofrer um pouco mais que os demais", comentou à Agência Efe o economista Emerson Marçal, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Segundo o IBGE, o PIB encolheu 0,6% no segundo trimestre do ano, após a redução de 0,2% registrada entre janeiro e março. De acordo com os economistas, duas reduções trimestrais consecutivas já colocam o país em "recessão técnica".

A última vez que o Brasil registrou dois trimestres consecutivos de contração econômica foi no início de 2009, quando sofria os efeitos da crise econômica internacional.

No entanto, Marçal, doutor e especialista em macroeconomia, descartou que o país possa entrar em "crise", mas advertiu que Argentina, Paraguai e Uruguai, junto com Venezuela e os outros sócios do Mercosul, podem sentir os efeitos das medidas internas que o Brasil tomar para enfrentar a situação.

"Os outros países são mais integrados com a Ásia, como Chile e Colômbia, e são os que estão na Aliança do Pacífico (junto a México e Peru). Não serão tão afetados por estes números", acrescentou.

Para Marçal, "o mercado brasileiro é bem fechado e, se houver um efeito, talvez não seja tão forte frente à América Latina como um todo, mas com os países do Mercosul".

No entanto, o analista considerou que esse efeito será "de um crescimento um pouco mais baixo, no mesmo estilo de quando se fala que a economia brasileira é influenciada pela americana ou chinesa, que são parceiros comerciais importantes, mas não acontecerá nada mais forte que isso".

No caso particular da Argentina, comentou o economista, o país vizinho "está passando por uma crise muito mais por erros da política interna deles que por um efeito do que acontece no Brasil".

"Se fosse outra época, claro, uma forte desvalorização da moeda como ocorreu já afetaria com mais força nossos vizinhos, especialmente à Argentina", ressaltou Marçal.

Nesse sentido, a economista Lucia Andrade, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), explicou que "o efeito pode refletir-se em medidas aplicadas para as exportações, no comportamento do câmbio, nas taxas de juros adotadas e nos empréstimos que possam ser concedidos a outros países".

"Haverá, seguramente, uma forte pressão política frente a qualquer intenção do Brasil, em participar de projetos em outros países, tudo com o argumento de que um negócio em outro lado possa afetar o crescimento", concluiu Andrade. EFE

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