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Alívio no IPCA deve persistir e levar a um corte maior do juro

A expectativa da continuidade do processo desinflacionário deve dar mais argumentos para o BC acelerar ainda mais o ritmo de flexibilização monetária

IPCA: o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio Souza Leal, ainda prevê 4,8% para a inflação deste ano (./Thinkstock)
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Da Redação

Publicado em 11 de janeiro de 2017 às 15h24.

O forte alívio inflacionário observado no Índice de Preços ao Consumidor Amplo ( IPCA ) de 2016 ante 2015 deve persistir no decorrer deste ano e pode conduzir a inflação ao centro da meta de 4,5% no fim de 2017, com ajuda dos alimentos e por efeito da recessão, avaliam analistas consultados pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

A expectativa da continuidade do processo desinflacionário deve dar mais argumentos para o Banco Central (BC) acelerar ainda mais o ritmo de flexibilização monetária, se não na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) finalizada hoje, ainda no primeiro semestre do ano.

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O fato de o IPCA de 2016 ter fechado abaixo do teto da meta imposta pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 6,5%, aumenta a credibilidade do BC e corrobora com essa previsão, ainda na visão dos especialistas ouvidos.

Conforme divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (11), o IPCA de 2016 ficou em 6,29% após 10,67% em 2015, com a colaboração de 0,30% do dado de dezembro, menor nível para o mês em 8 anos.

A despeito da aceleração do IPCA, o alívio no dado fechado do ano retrata um quadro "melhor" da inflação, que já começa a refletir os efeitos da recessão, avalia o economista-chefe do Rabobank Brasil, Maurício Oreng.

Esse bom resultado do IPCA de 2016 deve persistir e "até melhorar" em 2017, segundo o economista-chefe para América Latina do BNP Paribas, Marcelo Carvalho, com a expectativa de que os preços dos alimentos sigam comportados e de que a inflação de serviços continue perdendo fôlego devido à atividade fraca. Assim, o IPCA de 2017 pode fechar abaixo de 4,5%, embora sua projeção atual seja de inflação no centro da meta no fim do ano.

O economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio Souza Leal, ainda prevê 4,8% para a inflação deste ano, mas considera factível a convergência para o centro da meta a depender do comportamento dos preços dos alimentos, que devem ser destaque de baixa, principalmente no 1º semestre.

A desaceleração mais intensa nos serviços subjacentes apontada por ele como a principal novidade desta divulgação do IPCA, também deve continuar em 2017, outro ponto positivo para o cumprimento da meta de 4,5%.

Além disso, o alívio mais substancial nesse conceito de preços, que é sensível à atividade e observado com afinco pelo BC para a prática de política monetária, tem capacidade de ampliar a probabilidade de corte ainda maior que 0,50 ponto porcentual na Selic.

Selic

Conforme Souza Leal, a desinflação mais moderada desse item era o argumento do BC para a postura mais conservadora. Por isso, ele avalia que há maior chance de a autoridade monetária anunciar no fim da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) hoje uma queda de 0,75 ponto na Selic.

Ele, contudo, não mudou sua projeção de corte do juro de 0,50 ponto devido à proximidade do anúncio e pela própria comunicação mais cautelosa do BC.

A economista e sócia da Tendências Consultoria Integrada Alessandra Ribeiro é mais cautelosa e avalia que ainda há um conjunto de argumentos que sustentam a decisão de corte de 0,50 ponto, conforme sua previsão.

"Existem vários fatores que deverão manter a cautela do Banco Central, como a comunicação sinalizando um corte maior do juro de 0,50 ponto porcentual, expectativas de inflação que convergem para a meta, mas ainda não estão em 4,5% para este ano e incertezas externas e domésticas, como o governo de Donald Trump nos EUA e nosso quadro de questões internas, como reforma da Previdência, crise da dívida dos Estados e tensões entre Poderes da República", destaca.

Para Rodrigo Melo, economista-chefe da Icatu Vanguarda, o BC tem mais chances de reduzir a Selic em 0,75 ponto porcentual em abril, após observar no primeiro trimestre o desempenho da inflação, do nível de atividade e do comportamento do dólar, que poderá ser influenciado pelos primeiros meses do governo Trump nos EUA.

Melo ponderou, contudo, que o Banco Central poderá até acelerar um pouco a velocidade de corte de juros para 0,75 ponto porcentual no dia 22 de fevereiro.

"Isso poderá até ocorrer se o BC observar em seus modelos uma evolução bem positiva das projeções de inflação para este ano", pondera.

Dessa maneira, com a inflação mais comportada e as medidas fiscais avançando, Oreng, da Rabobank, avalia que o juro brasileiro pode caminhar para um patamar mais próximo ao dos seus países pares, em torno de 8%.

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