EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h55.
O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore tornou-se nesta sexta-feira (12/10) o vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2007, por seu trabalho de divulgação mundial das mudanças climáticas recentes. Ele dividirá o prêmio com o corpo de especialistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (IPCC), órgão responsável pelas pesquisas e relatórios tidos como referência internacional sobre o assunto.
Gore ganhou destaque como defensor da necessidade de combater o aquecimento global em 2006, ao lançar o filme "Uma Verdade Inconveniente", no qual ele apresenta uma série de evidências de que a emissão de dióxido de carbono agravada pela ação humana tem sido a responsável pelo aumento relativamente brusco de temperatura no planeta.
Em 2007, a obra de Gore ganhou visibilidade ao conquistar o Oscar de melhor documentário. Desde então, o filme tornou-se um marco da chegada do tema ao topo da agenda internacional e acabou por reforçar o barulho da imprensa internacional em torno dos dados divulgados pelo IPCC, este ano, sobre a gravidade do impacto humano no clima.
Antes de produzir "Uma Verdade Inconveniente", Gore já vinha atuando como conferencista sobre o assunto em diversos países, após ser derrotado pelo atual presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, na eleição para o posto, em 2000.
Por sua atuação como vice-presidente durante as gestões de Bill Clinton e por seu papel de destaque no Partido Democrata, Gore é alvo de críticas dos adversários republicanos, que enxergam no ativismo ambiental uma estratégia para ganhar prestígio político.
Segundo o jornal britânico Financial Times (FT), as especulações sobre o retorno dele ao cenário partidário de fato ganharam força imediatamente após o anúncio do prêmio, na manhã desta sexta-feira na Noruega. A perspectiva de ele concorrer à Presidência da República dos Estados Unidos, nas eleições a serem realizadas em 2008 - e agora chancelado pelo prêmio mais prestigiado do mundo na área política - pode modificar todo o cenário eleitoral do país, até agora bastante indefinido.
O FT destaca, ainda, uma conseqüência mais imediata do prêmio sobre a postura do governo americano nas convenções internacionais sobre aquecimento global. Até agora apontados como principais vilões do tema, tanto por ONGs quanto por países mais engajados na discussão, como os europeus, os Estados Unidos deram recentemente um sinal de flexibilização da resistência em discutir um acordo internacional de redução das emissões de dióxido de carbono - o presidente Bush citou trabalhos do IPCC, durante uma reunião em setembro, em Washington, entre os maiores emissores de gás do efeito estufa.
Diante dessa abertura inicial, as apostas mais otimistas são de que o Nobel para Al Gore pressionará os diplomatas de Bush a adotar uma postura colaborativa quanto à solução do problema, na próxima reunião internacional sobre mudanças climáticas, a ser realizada em Bali, em dezembro.