Cyril Ramaphosa: "Se começar a empurrar em uma direção diferente, acabará prejudicando o interesse do Brasil" (Lintao Zhang/Reuters)
EFE
Publicado em 1 de novembro de 2018 às 16h43.
Joanesburgo - O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, advertiu nesta quinta-feira, 1, que, se o presidente eleito Jair Bolsonaro se afastar do Brics - formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - e de sua defesa irrevogável do multilateralismo, acabará prejudicando os interesses do país.
Durante um encontro com correspondentes estrangeiros em Joanesburgo, Ramaphosa felicitou Bolsonaro pelo seu triunfo nas eleições presidenciais, mas reconheceu que suas políticas são "diferentes" e que a África do Sul "estava mais próxima" do PT.
"Se (Bolsonaro) atuar contra o que defendem os países do Brics, isso será em detrimento do Brasil e dos brasileiros", afirmou o chefe de Estado da África do Sul, país que ostenta este ano a presidência rotativa do bloco de potências emergentes.
"Ele entrará para uma família Brics que está quase irrevogavelmente comprometida com o multilateralismo, ele entrará para uma família Brics que procura fazer as coisas de uma maneira que fortaleça o benefício mútuo. Se começar a empurrar em uma direção diferente, acabará prejudicando o interesse do Brasil", alertou.
Embora durante sua campanha eleitoral Bolsonaro tenha dado a entender que se afastaria deste bloco e de outros organismos e tratados internacionais - além de posicionar-se contra a China e a favor do presidente americano, Donald Trump, em temas como as guerras comerciais -, Ramaphosa acredita que o governante eleito não deixará passar as "oportunidades" oferecidas pelo Brics.
Consultado sobre as opiniões racistas expressadas no passado por Bolsonaro, especialmente contra a comunidade afrodescendente brasileira, Ramaphosa espera que o tratamento favoreça um melhor "entendimento".
"Tratar, falar e colaborar é um grande antídoto para estes tipos de extravagantes enfoques porque te permite ver o outro lado da história e acredito que é isso o que faremos", comentou o presidente sul-africano.