AEB prevê efeito do câmbio na exportação de manufaturados
Segundo a AEB, a desvalorização do real não teve efeito sobre as exportações de manufaturados até agora, mas ele deve ser sentido no final do segundo trimestre
Da Redação
Publicado em 1 de abril de 2015 às 17h52.
São Paulo e Ribeirão Preto - O superávit de US$ 458 milhões da balança comercial brasileira em março era "previsível" e foi puxado basicamente pelo aumento das exportações de soja e açúcar, em razão do maior número de dias úteis, avaliou o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
De acordo com o executivo, a desvalorização do real ante o dólar não teve efeito sobre as exportações de manufaturados até o momento.
Castro destacou que, nos 22 dias úteis de março, os embarques de soja aumentaram para 5,592 milhões de toneladas, ante 868 mil toneladas nos 18 dias úteis de fevereiro.
Com isso, a receita bruta da commodity passou de US$ 346 milhões para US$ 2,211 bilhões. Os embarques do açúcar, por sua vez, aumentaram de 811 mil toneladas para 1,817 milhão, fazendo com que a receita crescesse de US$ 281 milhões para US$ 618 milhões.
"Esses dois itens foram basicamente os responsáveis. Os outros aumentos foram pequenos", disse.
O executivo avaliou que o efeito da desvalorização do real sobre manufaturados só deverá ser sentido a partir do final do segundo trimestre.
"Aquele câmbio que todos estão dizendo que vai resolver o problema das exportações poderá até resolver, mas não resolveu até agora", afirmou.
Para isso acontecer, ele defende que o dólar deve se manter valorizado e que haja remanejamento de recursos do Programa de Financiamento às Exportações (Proex), pois o montante aprovado no Orçamento de 2015 já estaria praticamente todo comprometido.
Castro ressaltou que a AEB prevê um superávit em torno de US$ 5 bilhões neste ano, puxado principalmente por uma queda das importações. Ele argumenta que, com o mercado interno e investimentos mais retraídos e com a alta do dólar, a demanda por importados deverá diminuir.
Para a entidade, as importações deverão cair cerca de 12% em 2015, recuo maior do que a retração de 10% das exportações. No acumulado do primeiro trimestre, a balança comercial está com déficit de US$ 5,557 bilhões.
Estagnação econômica
O diretor de Pesquisa Econômica da GO Associados, Fabio Silveira, avaliou que o desempenho positivo da balança comercial em março foi puxado pelo recuo nas importações. No mês passado as importações somaram US$ 16,521 bilhões, baixa de quase US$ 1 bilhão ante os US$ 17,510 bilhões de março do ano passado.
Enquanto a receita total com importações caiu 5,65% entre os meses de março de 2014 e de 2015, na média por dia útil a queda foi de 18,51%, para US$ 751 milhões em março de 2015.
"O que ajudou a balança comercial foi o desempenho menos nobre do ponto de vista do crescimento, com queda na importação espelhada na estagnação e a possível recessão que devemos ter no primeiro trimestre", disse Silveira.
Para o economista, outro motivo para o recuo nas importações e o consequente saldo positivo na balança foi o recuo em dólar dos preços de produtos importados em grande volume, como petróleo e derivados, petroquímicos e plásticos nobres.
Silveira disse ainda que se a tendência de queda nas importações atrelada à fragilização econômica seguir durante o ano a GO Associados pode até rever a estimativa de um superávit comercial para 2015, até agora em US$ 2 bilhões.
São Paulo e Ribeirão Preto - O superávit de US$ 458 milhões da balança comercial brasileira em março era "previsível" e foi puxado basicamente pelo aumento das exportações de soja e açúcar, em razão do maior número de dias úteis, avaliou o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
De acordo com o executivo, a desvalorização do real ante o dólar não teve efeito sobre as exportações de manufaturados até o momento.
Castro destacou que, nos 22 dias úteis de março, os embarques de soja aumentaram para 5,592 milhões de toneladas, ante 868 mil toneladas nos 18 dias úteis de fevereiro.
Com isso, a receita bruta da commodity passou de US$ 346 milhões para US$ 2,211 bilhões. Os embarques do açúcar, por sua vez, aumentaram de 811 mil toneladas para 1,817 milhão, fazendo com que a receita crescesse de US$ 281 milhões para US$ 618 milhões.
"Esses dois itens foram basicamente os responsáveis. Os outros aumentos foram pequenos", disse.
O executivo avaliou que o efeito da desvalorização do real sobre manufaturados só deverá ser sentido a partir do final do segundo trimestre.
"Aquele câmbio que todos estão dizendo que vai resolver o problema das exportações poderá até resolver, mas não resolveu até agora", afirmou.
Para isso acontecer, ele defende que o dólar deve se manter valorizado e que haja remanejamento de recursos do Programa de Financiamento às Exportações (Proex), pois o montante aprovado no Orçamento de 2015 já estaria praticamente todo comprometido.
Castro ressaltou que a AEB prevê um superávit em torno de US$ 5 bilhões neste ano, puxado principalmente por uma queda das importações. Ele argumenta que, com o mercado interno e investimentos mais retraídos e com a alta do dólar, a demanda por importados deverá diminuir.
Para a entidade, as importações deverão cair cerca de 12% em 2015, recuo maior do que a retração de 10% das exportações. No acumulado do primeiro trimestre, a balança comercial está com déficit de US$ 5,557 bilhões.
Estagnação econômica
O diretor de Pesquisa Econômica da GO Associados, Fabio Silveira, avaliou que o desempenho positivo da balança comercial em março foi puxado pelo recuo nas importações. No mês passado as importações somaram US$ 16,521 bilhões, baixa de quase US$ 1 bilhão ante os US$ 17,510 bilhões de março do ano passado.
Enquanto a receita total com importações caiu 5,65% entre os meses de março de 2014 e de 2015, na média por dia útil a queda foi de 18,51%, para US$ 751 milhões em março de 2015.
"O que ajudou a balança comercial foi o desempenho menos nobre do ponto de vista do crescimento, com queda na importação espelhada na estagnação e a possível recessão que devemos ter no primeiro trimestre", disse Silveira.
Para o economista, outro motivo para o recuo nas importações e o consequente saldo positivo na balança foi o recuo em dólar dos preços de produtos importados em grande volume, como petróleo e derivados, petroquímicos e plásticos nobres.
Silveira disse ainda que se a tendência de queda nas importações atrelada à fragilização econômica seguir durante o ano a GO Associados pode até rever a estimativa de um superávit comercial para 2015, até agora em US$ 2 bilhões.