Economia

Adiamento de cortes no Orçamento eleva pessimismo do mercado

O anúncio do adiamento foi um dos componentes que provocaram a queda da Bovespa na quinta-feira, 11, junto com a deterioração no mercado internacional


	Nelson Barbosa: o anúncio do adiamento foi um dos componentes que provocaram a queda da Bovespa na quinta-feira, 11, junto com a deterioração no mercado internacional
 (José Cruz/ Agência Brasil/ Fotos Públicas)

Nelson Barbosa: o anúncio do adiamento foi um dos componentes que provocaram a queda da Bovespa na quinta-feira, 11, junto com a deterioração no mercado internacional (José Cruz/ Agência Brasil/ Fotos Públicas)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de fevereiro de 2016 às 09h21.

São Paulo - A decisão do governo de adiar para março o anúncio do corte no Orçamento fez com que piorasse a percepção de risco do mercado financeiro com a economia brasileira.

No mercado financeiro e entre os analistas, o corte no Orçamento é considerado fundamental para sinalizar se a equipe econômica vai conseguir cumprir a promessa de entregar este ano o superávit primário (a economia para pagamento dos juros da dívida) prometido, de 0,5% do PIB.

"O adiamento do anúncio pode mostrar que não existe uma certeza sobre o número", diz Fabio Klein, economista da Tendências Consultoria.

O anúncio do adiamento foi um dos componentes que provocaram a queda da Bovespa na quinta-feira, 11, junto com a deterioração no mercado internacional. A bolsa paulista fechou em queda de 2,62%. O dólar, por sua vez, fechou em alta de 1,43%.

Um contingenciamento estimado entre R$ 23 bilhões e R$ 30 bilhões, de acordo com a Tendências, ainda faria com que o governo tivesse um déficit primário de 0,7% do PIB a 0,8% do PIB.

"A situação é dramática. O governo não tem meios no curto prazo para fazer com que a despesa caia tanto quanto a receita", afirma Klein. "Na maioria das vezes, o gasto está enrijecido e comprometido", diz.

Dívida em alta

A dificuldade em entregar um superávit primário razoável deverá levar a um novo aumento da dívida pública em relação ao PIB.

Nas contas da MB Associados, a dívida bruta deverá chegar a 75% do PIB este ano - encerrou 2015 em 66,2% do PIB. Se o governo realmente quisesse estabilizar a dívida, o superávit primário teria de ser de 4,8% do PIB.

"Poderia eventualmente ser (um superávit) menor se o governo sinalizasse um ajuste forte que permitisse uma queda mais rápida dos juros e a possibilidade de crescimento econômico no momento seguinte", afirma Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.

"Mas estamos longe desse cenário. O esforço fiscal necessário hoje está além do que foi feito em 99 e 2003 (anos de ajuste) e não parece haver disposição nem força política por parte do governo para tocar seriamente no problema", afirma.

Por ora, a projeção da MB Associados é a de que a economia brasileira vai encerar o ano com um déficit primário de 1%. "Há chance de aumentarmos essa projeção para números próximos de 1,5% do PIB", afirma Vale.

No ano passado, o governo previa inicialmente um superávit primário de 1,1% do PIB, mas, com a deterioração do cenário, o número foi mudado, em julho, para apenas 0,15% do PIB.

Mas nem isso foi possível entregar. No final do ano, foi registrado um déficit primário de R$ 120 bilhões, ou cerca de 2% do PIB.

Acompanhe tudo sobre:Mercado financeiroOrçamento federalPIBPIB do Brasil

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor