Economia

Acordos comerciais do Reino Unido são desafio no pré-Brexit

Embora país tenha avançado significativamente nos acordos, que já cobrem cerca de 15% do comércio, alguns com países importantes não se concretizaram

Brexit: Pedestre passa em frente ao Hat Museum, em Stockport, Reino Unido, 22 de junho de 2020. (Anthony Devlin / Bloomberg/Getty Images)

Brexit: Pedestre passa em frente ao Hat Museum, em Stockport, Reino Unido, 22 de junho de 2020. (Anthony Devlin / Bloomberg/Getty Images)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 11 de julho de 2020 às 08h00.

Última atualização em 11 de julho de 2020 às 14h26.

O acordo comercial do Reino Unido com a União Europeia não é o único grande projeto que negociadores britânicos devem enfrentar antes de deixar o bloco no fim do ano.

Faltando apenas alguns meses para a saída da Reino Unido, com ou sem acordo, o primeiro-ministro Boris Johnson e a secretária de Comércio Liz Truss também se apressam para manter os muitos pactos comerciais que o país atualmente possui como resultado de sua associação à UE.

No total, existem cerca de 70 acordos que cobrem cerca de 15% do comércio do Reino Unido e, embora o país tenha avançado significativamente, os chamados “acordos de continuidade” com alguns dos países mais importantes desse grupo, incluindo Canadá, Japão e Turquia, ainda não se concretizaram.

Se o Reino Unido deixar a UE sem acordo, negociará com esses 27 países nos termos estabelecidos pela Organização Mundial do Comércio. Novos acordos com os EUA, Austrália e Nova Zelândia também são prioridade. Um dos principais argumentos para o Brexit era que o Reino Unido estaria livre para buscar melhores acordos sem a UE.

No entanto, em termos econômicos, nenhum será suficiente para compensar a posição do Reino Unido como membro do mercado único.

Desafio pós-Brexit

Desafio pós-Brexit: acordo de livre comércio não é solução para todos os problemas do Reino Unido (Divulgação/Bloomberg)

No caso de “acordos com países como Austrália, Nova Zelândia e EUA, os ganhos serão muito pequenos em conjunto e não chegarão nem perto o suficiente para compensar as perdas resultantes dos atritos comerciais adicionais com a UE”, afirmou Julia Magntorn Garrett, pesquisadora do Observatório de Política Comercial do Reino Unido da Universidade de Sussex. “Em termos de acordos de continuidade, não se trata tanto de ganhos para o PIB, porque já ganhamos com esses acordos - trata-se de mitigar quaisquer perdas.”

A própria análise do governo mostra que sair da UE deve causar uma perda para o PIB de cerca de 5% a longo prazo, mesmo com um acordo de livre comércio em vigor. Um pacto com os EUA acrescentaria apenas uma fração disso ao crescimento do Reino Unido.

Questionada sobre os números do governo mostrando apenas benefícios mínimos dos acordos, Truss disse a um painel de parlamentares no mês passado que, como os acordos ainda não foram negociados, sua vantagem poderia ser de fato maior do que os cálculos sugerem agora.

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