Acordo entre Mercosul e UE pode esbarrar em resistência dos "verdes"
Os integrantes do bloco dos Verdes vão ocupar 75 dos 751 lugares do Parlamento europeu, representando o quarto maior grupo da legislatura
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de junho de 2019 às 09h42.
Brasília - Após a assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE) , um dos primeiros entraves para a sua aprovação definitiva ocorrerá no Parlamento Europeu, onde os "verdes" ganharam poder de influência e podem dificultar a aprovação o texto em represália à política ambiental do governo brasileiro.
Para o bloco dos Verdes no Parlamento Europeu, os chefes de Estado da UE "não aproveitaram a chance de comércio global justo, equitativo e sustentável". "O preço do acordo do Mercosul será pago pelos agricultores, pelo meio ambiente e pelo clima", disseram, em nota.
Os integrantes do bloco vão ocupar 75 dos 751 lugares do Parlamento europeu, representando o quarto maior grupo da legislatura que vai de 2019 a 2024.
Depois de ser ratificado pelo Parlamento Europeu e pelos parlamentos dos quatro membros do bloco sul-americano, o acordo ainda terá de passar pelo crivo dos 27 países do bloco europeu (já considerando a saída do Reino Unido).
Com isso, o texto ainda estará sujeito a diversas pressões e riscos ao longo dos próximos anos. Basta lembrar que o acordo europeu com o Canadá quase foi sepultado em 2016 devido à relutância dos deputados da pequena Valônia, na Bélgica, em ratificarem o texto.
Integrante das negociações por parte da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia até abril deste ano, o subsecretário de Competitividade na Indústria, Comércio e Serviços do Estado de São Paulo, André Favero, diz que a própria ebulição interna da UE em meio ao Brexit pode atrasar a aprovação do texto.
Mas ele não vê risco ao acordo, e diz que o processo no Brasil deve ocorrer sem grandes percalços. "O parlamento brasileiro já evoluiu bastante na recepção de acordos internacionais. A expectativa é de uma tramitação rápida, ainda que alguns grupos da indústria possam ter ressalvas."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.