Economia

A reconstrução da devastada Gaza custará bilhões de dólares

Devastada pela última ofensiva militar israelense, Gaza necessitaria de um projeto de reconstrução de alcance internacional e de vários anos de duração

Palestina caminha com criança por prédios destruídos ao norte da Faixa de Gaza (Finbarr OReilly/Reuters)

Palestina caminha com criança por prédios destruídos ao norte da Faixa de Gaza (Finbarr OReilly/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 5 de agosto de 2014 às 13h10.

Jerusalém - Devastada pela última ofensiva militar israelense, a Faixa de Gaza necessitaria de um projeto de reconstrução de alcance internacional e de vários anos de duração, que só seria possível quando Israel permitir a entrada de materiais de construção.

As perdas causadas pela ofensiva, na qual Israel bombardeou mais de 4.800 alvos em Gaza, são imensas e afetaram edifícios públicos e propriedades privadas, como casas, infraestrutura de abastecimento de água e energia e até sua única central elétrica.

Segundo relatório divulgado hoje pelo Ministério de Informação palestino, baseado em estatísticas locais e de organismos internacionais, aproximadamente 10.600 casas sofreram as consequências dos bombardeios, das quais 8.880 ficaram parcialmente destruídas e 1.724, completamente destruídas.

O relatório avalia as perdas econômicas em US$ 1,64 bilhão, sendo US$ 1,33 em perdas diretas e US$ 310 milhões em indiretas.

No entanto, o ministro palestino de Trabalhos Públicos, Mufeed al Hasayne, assegura que são necessários US$ 5 bilhões (quase três vezes o PIB da Faixa de Gaza) só para reconstruir as estruturas danificadas durante os últimos 29 dias, e neste valor não estariam incluídas "posses privadas como veículos".

Al Hasayne, um dos quatro ministros do governo de unidade palestino que residem na Faixa de Gaza, disse à agência local "Maan" que a destruição é particularmente grave no bairro de Shayahie, no leste de Gaza capital, e nas localidades de Beit Hanoun, no norte da Faixa de Gaza, e Abasan, no sudeste.

"As equipes do ministério ficaram surpreendidas quando chegaram a Shayahie", afirmou o ministro.

Lar de 110 mil moradores, que se viram obrigados a deixar o local, a destruição em Shayahie foi comparada a do bairro de Dahia, bastião do movimento Hezbollah em Beirute, na guerra de 2006.

Cerca de 60% de suas casas estão completamente destruídas, sobretudo as que ficam mais perto da fronteira, além de suas estradas e infraestrutura.

O prejuízo econômico se soma a uma urgente crise humanitária originada pela morte de mais de 1.800 palestinos, os ferimentos sofridos por 9.500 pessoas e o deslocamento de 485.000 habitantes de Gaza, muitas dos quais não poderão retornar aos seus lares, segundo a Organização de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA).

A reconstrução deverá levar em conta também 24 centros médicos danificados, 141 escolas, 70% dos poços de água e uma parte ainda por avaliar de linhas de abastecimento vitais para a população.

Além disso, deverão ser substituídos os depósitos de combustíveis da única central elétrica de Gaza, a um custo de US$ 25 milhões, e uma dezena de linhas de alta tensão.

Al Hasayneh lembrou ainda que "a ofensiva destruiu edifícios do governo de Gaza, assim como delegacias e edifícios da segurança pública", primeiros alvos da ofensiva por meio da qual Israel pretendeu aplicar um duro golpe no regime do Hamas em Gaza, em represália pelo lançamento de mais de 3.300 foguetes e a construção de dezenas de túneis de ataque.

Os danos da ofensiva, que afetam também o setor pesqueiro e o agrícola, só poderão ser avaliados quando o conflito terminar e deverão levar em conta a perda de produtividade em 2014 e 2015.

As principais agências da ONU e as ONG"s internacionais não hesitam em declarar Gaza como uma zona de "crise humanitária", e o presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Peter Maurer, é esperado hoje em Gaza para fazer uma primeira avaliação da situação.

Com um PIB de US$ 1.8 bilhões, o projeto de reconstrução para Gaza dependerá, por um lado, da ajuda internacional e, pelo outro, de que Israel e Egito permitam o acesso de materiais de construção.

Desde 2007 Israel restringe a entrada de materiais com o argumento de que o Hamas os empregou na construção de fortificações subterrâneas dentro de Gaza e de túneis de ataque em direção ao seu território, por isso exige que a comunidade internacional seja responsável por o material.

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