Economia

A receita do milhão

Açaí brasileiro faz a festa nos EUA

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h44.

No fim da década de 90, o açaí deixou de ser mais uma fruta exótica da Amazônia e conquistou adeptos em todas as regiões do Brasil. Considerada excelente fonte de energia, sua polpa congelada batida com guaraná natural é parte do cardápio de esportistas e de boa parte da geração saúde. Agora essa mistura brasileiríssima está virando moda também nos Estados Unidos. Começou a ganhar popularidade graças a consumidores famosos, como o campeão mundial de surfe Kelly Slater e a estrela de cinema Jodie Foster. Já pode ser encontrada em casas de sucos, restaurantes naturebas e academias de ginástica. Enquanto no Brasil um copo de açaí sai por 3 reais, em território americano a bebida é vendida por cerca de 5 dólares (15 reais). Segundo o empresário Ryan Black, dono da Sambazon, a maior importadora da fruta, nos últimos dois anos as vendas quintuplicaram, chegando a 2,5 milhões de dólares anuais. "E ainda há muito que crescer", diz Black. A Sambazon deve fechar 2003 com faturamento próximo a

1 milhão de dólares.

Aclamado pela mídia americana como "a superfruta", "milagre da Amazônia", "alimento perfeito" e outros predicados, o açaí está fazendo sucesso principalmente na Califórnia, estado que concentra 60% do mercado. O clima quente e as praias favorecem o consumo entre surfistas, atletas, a turma da malhação e a juventude dourada. "Nosso mote é oferecer um alimento extremamente nutritivo e com consistência e sabor que agradam em cheio aos americanos", afirma Black. O açaí, vendido principalmente na forma de smoothies (batido com gelo, guaraná natural, sorvete de iogurte e outras frutas), está ganhando fama por ser altamente energético e conter uma quantidade de antioxidantes 30 vezes superior a uma taça de vinho tinto, por exemplo. A Sambazon também enfatiza o lado politicamente correto de sua operação, que promove o desenvolvimento sustentável da Amazônia. "A renda das famílias que trabalham na colheita dobrou desde que começamos a importar a fruta", diz Black, que doa uma porcentagem dos lucros a programas sociais e ambientais na região. Trabalhando em convênio com a ONG Fase e com a Universidade Estadual do Pará, a Sambazon acaba de conseguir o certificado de alimento orgânico para o açaí. O próximo passo é criar um selo de qualidade, estabelecendo padrões e garantindo a ausência de exploração do trabalho infantil. A decisão de levar o açaí para os Estados Unidos ocorreu durante uma viagem de turismo que Black e um amigo fizeram a Recife, em 1999. Surfistas amadores, eles provaram a exótica mistura gelada e se apaixonaram. Logo começaram a pensar em uma forma de trazer a fruta para casa e ainda ganhar dinheiro com isso. Juntaram todas as economias que acumularam, viajaram várias vezes ao Pará e, no ano seguinte, abriram o negócio. Hoje importam 100 toneladas por ano -- estocadas e conservadas num freezer alugado nas redondezas de Los Angeles. Também estão vendendo para outros países, como Austrália e Itália. Outra empresa que aposta no sucesso da fruta amazônica é a Zola Açaí. O conceito, porém, é um pouco diferente. "Vendemos a polpa congelada, mas nosso foco são sucos energéticos prontos para o consumo", diz Andrew Colehower, presidente da Zola. "Os americanos preferem produtos mais práticos, algo que seja só abrir e beber." Para popularizar a marca, a Zola patrocina atletas, apóia times de futebol americano, como o Oakland Raiders, faz degustações e promove eventos. O interessante é que a empresa não atua apenas em locais quentes e cidades litorâneas. Um dos principais alvos é a região de Lake Tahoe, muito procurada por quem gosta de esportes na neve. "Boa parte de nosso público é composta por praticantes de esqui e snow board", conta Colehower, mostrando que, na terra do Tio Sam, o açaí está quase irreconhecível.

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