90% do mundo industrializado está ancorado em juro zero
Antes da crise, 20% do PIB do mundo industrializado estava sob juro zero; hoje, taxa passa de 90% - com exemplos até de juros negativos, uma grande novidade
João Pedro Caleiro
Publicado em 23 de fevereiro de 2015 às 12h20.
São Paulo - O legado da crise financeira não se resume à recessão, desemprego, dívida e suicídios. Uma das principais marcas do mundo pós-2008 é um cenário de juros zero (ou quase zero) em boa parte do mundo industrializado.
Entre 2000 e 2007, a parcela do PIB das economias industrializadas ancorada por juros próximos de zero não passava dos 20%. Em meados de 2008, os bancos centrais mundiais já viam a gravidade da crise e começaram a cortar suas taxas para estimular a economia e evitar um colapso total.
O movimento chegou a acontecer de forma coordenada, como no início de outubro de 2008. Cortar os juros torna menos vantajoso guardar o dinheiro, e estimula assim o consumo e a concessão de empréstimos - essenciais em um momento de colapso do sistema financeiro e queda da confiança.
Foi em 2008, portanto, que a taxa do PIB industrializado sob juro zero pulou para 50% e nunca mais desceu. De 2011 para 2012, deu um novo salto e atualmente, está por volta de impressionantes 90%.
Veja na figura de David Rosenberg, da Gluskin Sheff, que tem circulado nas redes sociais:
O corte de juros foi acompanhado nos Estados Unidos por um grande programa de expansão monetária. Demorou, mas a economia reagiu, e o Fed deve ser o primeiro dos grandes bancos centrais a reverter o curso (ainda que ninguém saiba quando).
Muitos alertaram que com tanto dinheiro na praça, uma explosão da inflação era uma questão de tempo. Não foi o que aconteceu: as expectativas continuam abaixo da meta.
Na Europa, foi a deflação que se tornou uma ameaça, forçando o Banco Central Europeu a promover uma nova rodada de compra de títulos. O continente, aliás, já tem juros negativos em uma boa parte de seus países e títulos.
Isso significa que, na prática, investidores estão dispostos a colocar seus recursos em papéis para receber menos no futuro. É algo que a teoria econômica nem considerava possível até pouco tempo atrás - o que só prova que a crise não deixou mesmo pedra sobre pedra.
No Brasil, o cenário é diametralmente oposto: inflação persistente com juros reais entre os mais altos do mundo.
São Paulo - O legado da crise financeira não se resume à recessão, desemprego, dívida e suicídios. Uma das principais marcas do mundo pós-2008 é um cenário de juros zero (ou quase zero) em boa parte do mundo industrializado.
Entre 2000 e 2007, a parcela do PIB das economias industrializadas ancorada por juros próximos de zero não passava dos 20%. Em meados de 2008, os bancos centrais mundiais já viam a gravidade da crise e começaram a cortar suas taxas para estimular a economia e evitar um colapso total.
O movimento chegou a acontecer de forma coordenada, como no início de outubro de 2008. Cortar os juros torna menos vantajoso guardar o dinheiro, e estimula assim o consumo e a concessão de empréstimos - essenciais em um momento de colapso do sistema financeiro e queda da confiança.
Foi em 2008, portanto, que a taxa do PIB industrializado sob juro zero pulou para 50% e nunca mais desceu. De 2011 para 2012, deu um novo salto e atualmente, está por volta de impressionantes 90%.
Veja na figura de David Rosenberg, da Gluskin Sheff, que tem circulado nas redes sociais:
O corte de juros foi acompanhado nos Estados Unidos por um grande programa de expansão monetária. Demorou, mas a economia reagiu, e o Fed deve ser o primeiro dos grandes bancos centrais a reverter o curso (ainda que ninguém saiba quando).
Muitos alertaram que com tanto dinheiro na praça, uma explosão da inflação era uma questão de tempo. Não foi o que aconteceu: as expectativas continuam abaixo da meta.
Na Europa, foi a deflação que se tornou uma ameaça, forçando o Banco Central Europeu a promover uma nova rodada de compra de títulos. O continente, aliás, já tem juros negativos em uma boa parte de seus países e títulos.
Isso significa que, na prática, investidores estão dispostos a colocar seus recursos em papéis para receber menos no futuro. É algo que a teoria econômica nem considerava possível até pouco tempo atrás - o que só prova que a crise não deixou mesmo pedra sobre pedra.
No Brasil, o cenário é diametralmente oposto: inflação persistente com juros reais entre os mais altos do mundo.