Economia

4 ideias polêmicas do ‘profeta do apocalipse’ econômico

Megainvestidor britânico Jeremy Grantham diz que o mundo só pode abrigar adequadamente 1,5 bilhão de pessoas, contra os 7 bilhões que vivem atualmente por aqui

Para Grantham, o aumento da capacidade de produzir alimentos tende a ser superado pelo crescimento populacional, levando à escassez e miséria

Para Grantham, o aumento da capacidade de produzir alimentos tende a ser superado pelo crescimento populacional, levando à escassez e miséria

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Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2012 às 07h00.

São Paulo – O megainvestidor britânico Jeremy Grantham, dono do fundo de investimentos GMO, parece estar querendo entrar para o time no qual jogam os maias, Nostradamus e o apóstolo João. Em um artigo publicado recentemente no site do GMO, Grantham fez projeções dignas de um legítimo profeta do apocalipse.

As ideias do britânico, em certa medida, ressuscitam alguns pensamentos de um conterrâneo seu, o economista Thomas Malthus, que viveu no século XIX. Em sua época, Malthus afirmava que chegaria o tempo em que o crescimento populacional superaria a capacidade de produção de recursos no mundo.

Grantham não assina embaixo de todos os postulados de Malthus. Mas, ao que tudo indica, ele acredita que estamos mesmo cada vez mais próximos de viver a realidade que o economista previu há dois séculos.

Veja abaixo quatro ideias polêmicas (e nada confortadoras) do investidor:

Superlotação

Grantham afirma que o Planeta Terra tem capacidade para acomodar adequadamente um bilhão e meio de pessoas – bem abaixo dos cerca de sete bilhões que atualmente vivem por aqui. Para ele, não vai demorar muito para que o mundo comece a sofrer as consequências da escassez de terras, alimentos, petróleo e água potável.

Preços em alta

Para o megainvestidor, a tendência de queda nos preços das commodities acabou, e o quadro é irreversível. Ele explica que durante os últimos 100 anos os preços de commodities estiveram em tendência de queda, porque o avanço da tecnologia barateava os custos de extração e produção. Agora, entretanto, a tendência é de alta, na opinião de Grantham. 

O britânico usa o petróleo para exemplificar sua teoria. Ele diz que durante os últimos 100 anos, o barril de petróleo era negociado inicialmente em uma faixa que rodeava os 16 dólares. Depois, o valor de referência passou a 35 dólares e agora está na casa dos 75 dólares.


Segundo Grantham, entre 1930 e 1980, a taxa de consumo do petróleo permaneceu sempre abaixo do volume de descobertas de jazidas. Entretanto, a partir dos anos 1990, o cenário se inverteu, e a disparidade entre as duas taxas só tende a aumentar.

Mais bocas, menos comida

Uma história semelhante à do petróleo está para acontecer com as commodities agrícolas. Grantham diz que há 40 anos a taxa média de aumento da produtividade agrícola por hectare plantado no mundo era de 3,5%. A taxa de crescimento populacional, por sua vez, era de 2%.

Na última década, o avanço da produtividade agrícola chegou a 1,5%, praticamente a taxa atual de crescimento da população. Grantham acredita que a qualquer momento as duas linhas vão se cruzar.

O britânico lembra ainda que a produtividade da agricultura só não cai mais por causa do uso de fertilizantes. Entretanto, muitas matérias primas usadas para fabricar estes produtos são commodities (o potássio é um dos exemplos). Logo, o suprimento de fertilizantes também vai se esgotar, cedo ou tarde.

Culpa dos emergentes

Pode haver quem se pergunte a razão deste alarme estar soando na cabeça de Grantham apenas agora, se a população mundial cresce aceleradamente há pelo menos dois séculos. A resposta, segundo o investidor, é simples: a culpa é dos países emergentes.

O crescimento espetacular de países como China e Índia ajudou a aumentar a pressão sobre o mundo, já que acelerou o consumo dos recursos e o aumento da população mundial. Uma estimativa do GMO, fundo de investimentos de Grantham, dá alguns exemplos considerando o caso da China.

O país asiático consome 53,2% do cimento fabricado no mundo. Os chineses também são responsáveis por usar 47,7% do minério de ferro, 46,4% da carne de porco e 28,1% do arroz produzidos no mundo todo. 

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