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1 milhão: é quantos empregos a recessão vai destruir em 2015

Eliminação de vagas formais acelera e puxa alta do desemprego: perda que era da indústria e construção civil chegou de vez também nos serviços e comércio

Mulher espera para ser atendida em agência de emprego do governo: vagas estão sendo cortadas rapidamente (Paulo Fridman/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

Publicado em 17 de setembro de 2015 às 15h48.

São Paulo – A recessão pode fazer com que o Brasil termine 2015 com um milhão de vagas formais a menos do que começou, de acordo com as últimas estimativas de consultorias econômicas e até órgãos oficiais.

“Dado a intensificação da crise, é possível que o ano se encerre com destruição total superior a um milhão de empregos formais”, diz um documento recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência.

A GO Associados e um estudo do Conselho Federal de Economia (Cofecon) do início de agosto também preveem saldo negativo de 1 milhão.

A última estimativa da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN) é de perda entre 1,17 milhão e 1,26 milhão. Para a LCA Consultores, o número é ainda maior: cerca de 1,2 milhão de vagas formais.

Em termos absolutos, é o pior resultado da série histórica do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que começa em 1992.

Em termos relativos, a destruição entre 3% e 4% do total de vagas formais é próxima do que ocorreu em 1998, quando 581 mil foram eliminadas (cerca de 3% do estoque de trabalho na época, que dobrou desde então).

Histórico

O processo de piora do mercado de trabalho vem acontecendo de forma acelerada desde o começo do ano. O saldo de criação de vagas formais caiu todos os anos desde 2010, mas 2014 ainda teve resultado positivo.

Saldo de vagas formais
20081.452.204
2009995.110
20102.136.947
20111.566.043
2012868.241
2013730.687
2014152.714
2015 (est.)-1.227.952

Quando se olha o acumulado dos 12 meses até julho de 2015, a destruição é de 850 mil postos – pior número desde o começo da série em 1996.

8,3 milhões de brasileiros procuram emprego e não encontram, segundo o IBGE. A taxa de desemprego pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) em 6 capitais pulou de 5,3% em janeiro para 7,5% em julho, maior patamar em 5 anos.

A taxa de desemprego pela PNAD Contínua foi de 7,9% no 1º trimestre para 8,3% no 2º trimestre. O Ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias (PDT), diz que não acredita em uma volta para os dois dígitos.

As últimas previsões de consenso do mercado, captadas pelo Boletim Focus, preveem uma recessão de 2,55% em 2015 e 0,60% em 2016. As expectativas se deterioraram rapidamente: há um mês, as projeções eram de 2,01% e 0,15%, respectivamente.

Setores

A indústria já perdeu 185 mil vagas no ano passado; neste ano, serão mais 495 mil - a maior perda absoluta entre os setores. Mas como ela emprega mais, a campeã de perda relativa é a construção civil: que eliminou 145 mil vagas em 2014 e deve perder mais 356 mil em 2015.

“A indústria é o setor mais dinâmico em relação à crise e a bonança. É o mais reativo e já vem com pior desempenho há mais tempo”, diz Fábio Romão, economista da LCA Consultores.

Serviços e Comércio, até pouco tempo relativamente preservados, também já estão cortando vagas diante da situação difícil. 1.280 lojas fecharam no Rio de Janeiro entre janeiro e maio, alta de 33% sobre o mesmo período de 2014, segundo o Sindilojas Rio.

Só a Via Varejo, dona das Casas Bahia e do Ponto Frio, demitiu 4,8 mil pessoas no 2º trimestre. Os bancos fecharam 5.864 postos de trabalho entre janeiro e julho de 2015.

“A menor criação de vagas em Serviços, até então resiliente aos efeitos contracionistas, indica que as condições no mercado de trabalho devem continuar se deteriorando ao longo deste ano com reflexo na elevação do desemprego”, diz Gesner Oliveira, economista da GO Associados.

Nem a Agropecuária vai escapar. Veja os números de 2014 do Caged junto com a projeção da LCA Consultores para este ano:

Saldo em 2014Saldo em 2015 (est.)
Indústria-185.124-495.170
Construção Civil-145.286-356.463
Comércio124.838-169.856
Serviços379.166-173.106
Agropecuária-20.880-33.357
Total152.714-1.227.952

Tudo isso também deve contribuir para no mínimo interromper e até reverter, ainda que na margem, a formalização do mercado de trabalho brasileiro – que foi de 45,7% em 2004 para 58% em 2013.

São Paulo - Meio milhão de postos de trabalho foram fechados no Brasil em menos de um ano.  Só no último mês, mais de 150 mil empregos foram cortados no país - o pior resultado para o mês de julho desde 1992. É o que revelam os dados do Caged divulgados nesta sexta.  Com isso, o mercado de trabalho já acumula um saldo de mais de 494 mil oportunidades profissionais fechadas.  A indústria da transformação é o mais afetado pela onda de demissões - quase metade dos cortes dos últimos sete meses aconteceram no setor. O comércio é o segundo da lista, que reduziu mais de 214 mil postos de janeiro a julho.  Os setores de  administração pública e agropecuária são os únicos do país que fogem dessa sina. Ambos, fecharam o período com um saldo positivo de geração de empregos.  A cidade do Rio de Janeiro lidera a lista dos municípios que mais sofrem com os cortes. Mais de 45 mil empregos foram fechados na cidade.  Veja, nas fotos, a lista das cidades que lideram os cortes de empregos em cada setor.
  • 2. Indústria da transformação - 226.986 empregos cortados no país

    2 /10(ia_64/Thinkstock)

  • Veja também

    CidadeEstadoEmpregos cortados na indústria da transformaçãoSaldo de empregos (jan-jul)
    São PauloSP-19.273-43.964
    ManausAM-14.197-19.782
    Rio de JaneiroRJ-9.156-45.335
    GuarulhosSP-6.252-10.712
    Sao Bernardo do CampoSP-5.368-11.696
    Caxias do SulRS-4.838-5.103
    CoruripeAL-4.05-4.154
    CuritibaPR-4.035-10.253
    JoinvilleSC-4.021-3.012
    BetimMG-3.888-4.410
  • 3. Comércio - 214.145 de empregos cortados no país

    3 /10(Alexandre Battibugli / EXAME)

  • CidadeEstadoEmpregos cortados no comércioSaldo de empregos (jan-jul)
    São PauloSP-17.119-43.964
    Rio de JaneiroRJ-16.698-45.335
    Belo HorizonteMG-7.422-34.609
    RecifePE-6.234-22.880
    FortalezaCE-5.906-12.272
    SalvadorBA-4.673-21.922
    BrasiliaDF-3.49-3.849
    Porto AlegreRS-3.332-10.286
    CuritibaPR-2.337-10.253
    ItapeviSP-2.286-3.677
  • 4. Construção Civil - 154.897 empregos cortados no país

    4 /10(Alexandre Battibugli/Exame)

    CidadeEstadoEmpregos cortados na construção civilSaldo de empregos (jan-jul)
    IpojucaPE-13.426-17.748
    Belo HorizonteMG-12.078-34.609
    São PauloSP-11.309-43.964
    SalvadorBA-7.434-21.922
    ItaboraíRJ-6.931-8.991
    BrasíliaDF-6.056-3.849
    Porto VelhoRO-4.87-6.242
    RecifePE-3.605-22.880
    AltamiraPA-3.543-2.677
    TeresinaPI-3.455-1.726
  • 5. Serviços - 11.648 empregos cortados no país

    5 /10(gpointstudio/Thinkstock)

    CidadeEstadoEmpregos cortados no setor de serviçosSaldo de empregos (jan-jul)
    Rio de JaneiroRJ-19.929-45.335
    RecifePE-11.734-22.88
    Belo HorizonteMG-10.100-34.609
    SalvadorBA-6.985-21.922
    São Bernardo do CampoSP-4.146-11.696
    Porto AlegreRS-3.897-10.286
    ImperatrizMA-3.810-3.730
    Lauro de FreitasBA-3.677-5.211
    SantosSP-3.624-4.769
    MacaéRJ-3.245-5.482
  • 6. Serviços industriais de utilidade pública - 1.372 empregos cortados no país

    6 /10(Marcelo Casal Jr/Agência Brasil)

    CidadeEstadoEmpregos cortados no setor de serviços industriais de utilidade públicaSaldo de empregos (jan-jul)
    VinhedoSP-1.414-1.270
    Rio de JaneiroRJ-658-45.335
    São PauloSP-656-43.964
    Belo HorizonteMG-652-34.609
    GuarulhosSP-430-10.712
    Campos dos GoytacazesRJ-365-896
    SalvadorBA-282-21.922
    AracruzES-269-33
    RecifePE-234-22.880
    ColatinaES-227-668
  • 7. Administração pública - 12.741 empregos criados no país

    7 /10(Igor Schutz/Flickr/Creative Commons)

    CidadeEstadoEmpregos cortados na administração públicaSaldo de empregos (jan-jul)
    OsascoSP-5.615-8.44
    SalvadorBA-1.066-21.922
    Belo HorizonteMG-440-34.609
    GuarulhosSP-366-10.712
    FrutalMG-32095
    São PauloSP-301-43.964
    AmericanaSP-249-1.503
    Santo AndréSP-249-2.599
    NatalRN-231-5.167
    São Bernardo do CampoSP-196-11.696
    CampinasSP-190-6.362
  • 8. Agropecuária - 110.037 empregos criados no país

    8 /10(Divulgação/EXAME)

    CidadeEstadoEmpregos cortados no setor de agropecuáriaSaldo de empregos (jan-jul)
    CapelaSE-2.257-2.286
    Ribeirao BrancoSP-1.500-1.502
    Barra de GuabirabaPE-1.453-1.467
    Santa RitaPB-1.374-2.541
    Rio TintoPB-1.131-1.361
    ApiaíSP-889-761
    IpojucaPE-798-17.748
    MorenoPE-713-790
    Lebon RegisSC-637-665
    TailândiaPA-612-1.085
    MossoróRN-611-1.411
  • 9. Veja, agora, como o Brasil vai mudar em 85 anos

    9 /10(Marcelo Camargo/ABr)

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