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'Episódio Severino' deve estimular Câmara a escolha prudente

A entrevista do empresário Sebastião Augusto Buani, dono do restaurante Fiorella, coloca em situação extremamente delicada o presidente da Câmara dos Deputados e "rei do baixo clero", Severino Cavalcanti (do PP de Pernambuco). Há cerca de cinco meses à frente da Casa, Cavalcanti é acusado de, quando ocupava o cargo de primeiro secretário da Câmara, […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h31.

A entrevista do empresário Sebastião Augusto Buani, dono do restaurante Fiorella, coloca em situação extremamente delicada o presidente da Câmara dos Deputados e "rei do baixo clero", Severino Cavalcanti (do PP de Pernambuco). Há cerca de cinco meses à frente da Casa, Cavalcanti é acusado de, quando ocupava o cargo de primeiro secretário da Câmara, extorquir Buani. O empresário afirmou ontem, em entrevista interrompida por prantos, que foi obrigado, para continuar explorando o restaurante do décimo andar do anexo 3 da Câmara, a entregar 110 mil reais a Severino entre 2002 e 2003.

"Severino pode renunciar ao mandato e evitar a cassação, porque tem chance de se eleger novamente no ano que vem, por incrível de pareça", diz o cientista político Fernando Abrúcio. Mas para o analista a possibilidade de que o parlamentar resista não deve ser descartada. Segundo Buani, suas denúncias podem ser confirmadas por um cheque entregue pessoalmente a Severino, que foi descontado em seguida. O empresário, porém, não mostrou cópia do cheque, prometida para momento posterior.

"Como ainda não apareceu a prova material, Severino pode levar a situação adiante", diz Abrúcio. "Ele já havia paralisado a Câmara mesmo antes da crise do mensalão, e demonstrou amplamente sua dificuldade em lidar com interesses coletivos." A preocupação de parlamentares governistas e oposicionistas é que os novos contornos da crise política desgastem ainda mais, perigosamente, a imagem do Legislativo.

Mea culpa

Para Abrúcio, o perfil do novo presidente da Câmara dos Deputados deve ser de um personagem com experiência (o que exclui os políticos em primeiro mandato), imagem pública "muito boa" e trânsito por todas as bancadas. Além disso, não pode ser alguém completamente contrário ao governo. "Diante de uma candidatura francamente hostil, o governo lançaria outra candidatura, e o embate atrapalharia a conclusão das CPIs, o que não interessa à oposição", afirma Abrúcio.

A tendência, no momento, é que os deputados voltem a respeitar o princípio pelo qual o partido com maior bancada tem a presidência da Casa. Portanto, deve ser um petista. Mas é preciso que esse petista tenha bom diálogo com a oposição. Dois nomes que cumprem esses requisitos são Paulo Delgado (de Minas Gerais) e Sigmaringa Seixas (do Distrito Federal). Segundo Abrúcio, pode ser que o PDT lance candidato (seria Alceu Collares, do Rio Grande do Sul).

Em editorial, o jornal Folha de S.Paulo relembra nesta sexta-feira (9/9) que a eleição do "rei do baixo clero" resultou de erros grosseiros da articulação política petista e do voto de parte considerável da oposição autodenominada "responsável". "A tentação de votar em Severino com o intuito de criar problemas para o Planalto prevaleceu sobre os interesses do país", escreve o jornal.

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