O cenário do entretenimento mudou muito depois da chegada do streaming de vídeo. Devoradoras de Blockbusters e fortes competidoras das próprias salas de cinema, as plataformas de streaming transformaram não só o mercado que cerca o setor audiovisual, como também a "fome" do público por esses conteúdos. O consumidor elevou a quantidade de filmes e séries que assiste por mês, muito pela comodidade na hora da escolha e pelo conforto de assisti-los em casa.

Lá de cima da montanha de dinheiro formada com essa mudança, ficou a pioneira desse movimento, a Netflix. Uma das mais populares plataformas e dona de um verdadeiro monopólio, a empresa estampou o "rosto do streaming" por muito tempo. Só que esse posto pode estar muito próximo do fim: os anos se passaram e, nesse oceano que é o mercado de entretenimento, tem bastante peixe grande nadando.

Alguns deles pretendem sacudir o cenário do consumo de conteúdo audiovisual ainda este ano. Marcas como a Disney+ estão apostando na diversificação dos conteúdos. O Prime Video investe forte nas produções originais — Anéis do Poder e Citadel, que chega ao catálogo em abril, são bons exemplos. A Paramount+ começa a divulgar sua plataforma no Brasil. A própria Globoplay está apostando nas séries nacionais e internacionais. A HBO Max, no entanto, está fazendo tudo isso — e até mais um pouco.

O streaming da marca cresceu (e muito) desde seu lançamento em 2020, e deve crescer ainda mais após a recente fusão da Warner Bros. com a Discovery. Em agosto do ano passado, de acordo com a divulgação da Warner, a HBO Max e a Discovery+ já somavam, juntas, mais de 95 milhões de assinantes.

Em 2023, a HBO Max venceu a Netflix pela primeira vez no Prêmio Canaltech, levando o primeiro lugar na categoria "Serviços: plataforma de filmes e séries online". Com quase 4,2 milhões de votos, a marca obteve nota de 4.56/5, vinda de voto popular. Mais um sinal de que, agora, o público está olhando para o mercado de streamings sem ter a "marca vermelhinha" tão em mente.

"Acho que a HBO é uma das plataformas mais novas quando comparadas às demais no mercado. Mas nem por isso somos menos fortes, não é? A gente tem planos bastante ambiciosos", disse André Mermelstein, diretor de comunicações da Discovery e Warner Bros, durante a premiação.

A ascensão repentina da HBO Max no prêmio pode ser explicado por três frentes: as séries originais, espaço esportivo e os conteúdos infantis. Se antes a marca pecava na funcionalidade da plataforma, de uns tempos para cá, seus lançamentos foram tão cativantes que isso se tornou um mero detalhe. The Last of Us foi a maior prova disso: só no último episódio, exibido no último domingo, 12, a plataforma teve mais de 8,2 milhões de telespectadores nos Estados Unidos. E ao mesmo tempo em que outros canais transmitiam o Oscar 2023 ao vivo.

A vinda dos campeonatos de futebol também foi outro imenso atrativo. Hoje, a plataforma transmite os jogos do Paulistão, Brasileirão e da Champeons League. Já para os conteúdos infantis, a marca já tem dentro de seu catálogo os lançamentos do Cartoon Network, a DC e os conteúdos próprios, divididos por idade.

"A gente teve alguns grandes sucessos nesse ano, inclusive com conteúdos nacionais. Pacto Brutal foi uma das séries mais vistas mais comentadas do nosso catálogo nacional, agora no começo do ano The Last of Us está conquistando o coração de todo mundo também. O segredo é o investimento em conteúdos de qualidade, diversificados, que conversem com fatias muito grandes de públicos e a gente aposta muito nisso, porque estamos vendo que dá certo", comentou Mermelstein.

A expectativa, no entanto, é que a HBO Max perca, em um futuro bastante próximo, o seu primeiro nome. Após a fusão com a Discovery, a Warner Bros. tem grandes pretensões para o streaming e deve lançar, ainda no primeiro semestre de 2023 — ao menos nos Estados Unidos —, uma nova plataforma, que terá tudo o que a HBO Max já tem e mais algumas novidades.

Embora a HBO Max esteja crescendo no mercado de streamings, ela ainda tem um caminho longo para percorrer até chegar no império da Netflix e da Disney+. Hoje, a "vermelhinha" tem cerca de 230 milhões de assinantes — mesmo após perder vários de seus consumidores no último ano. A marca do Mickey também não está tão longe: tem 162 milhões.

Com a fusão da Discovery e um novo horizonte para o streaming, entretanto, a Warner Bros. espera que essa nova plataforma seja um hub de conteúdo audiovisual tão grandioso que terá chances de alcançar (e até ultrapassar) a marca da Netflix. "[A plataforma] é um resultado da junção entre HBO Max e Discovery +, que vai ser uma coisa bem mais avançada tecnologicamente, com muito mais conteúdos", complementou Mermelstein. "A gente que expandir a área de esportes e os conteúdos infantis, aprofundar a produção dos filmes e séries brasileiros. Pensamos até mesmo em produzir novelas".

A chegada dessa nova plataforma já tem data de estreia: "Ela vai ser lançada nos Estados Unidos agora, ainda no primeiro semestre, e vem pra América Latina no segundo semestre. Para se ter uma ideia da importância, essa foi a segunda região de lançamento porque boa parte do nosso público está aqui", acrescentou o diretor.

Tecnologicamente, Mermelstein também prometeu que a interface da nova plataforma será melhorada — uma das principais reclamações dos usuários. Em 2023, logo nos primeiros episódios de The Last of Us, a HBO Max quase não conseguiu manter o servidor no ar, com tantos telespectadores logados ao mesmo tempo. "Não posso falar muito ainda, mas não estamos fazendo tantos investimentos na plataforma atual justamente porque vamos lançar essa nova. Mas posso te garantir que teremos melhorias na interface, já estamos cientes disso", finalizou.

Enquanto a plataforma não chega por aqui, os conteúdos da Warner Bros. e HBO continuarão no catálogo da HBO Max. Ainda não há informações sobre o valor da assinatura dessa nova empreitada, mas essas informações chegarão em breve.