A Páscoa na fábrica do Grupo CRM
O Cherry Brandy é um dos produtos mais tradicionais da Kopenhagen. Fabricado desde 1951, o bombom é feito de forma manual e até hoje tem a mesma embalagem: papel alumínio vermelho torcido e uma fita dourada indicado que o fruto pode conter caroço.
Uma caixa com seis unidades é vendida por 129 reais. Na Páscoa, é fabricado um Ovo Cherry Brandy de 144,90 reais. No preparo, as cerejas importadas do Chile são maceradas em calda de açúcar, vinho, canela e licor. Depois de alguns dias, cada cereja é mergulhada manualmente em uma calda de açúcar e outra de chocolate ao leite.
Os bombons ficam maturando por uma semana até saírem da fábrica de 33 mil metros quadrados em Extrema, Minas Gerais, e serem encaminhados para as 590 lojas da marca espalhadas pelo Brasil.
Na fábrica do Grupo CRM, do qual fazem parte as marcas Kopenhagen, Brasil Cacau e Kop Koffee, o artesanal caminha ao lado do inovador. De um lado, funcionários fazem a tradicional dobradura no papel que envolve a Nhá Benta. Do outro, uma máquina embala diversas caixas de Língua de Gato em poucos minutos.
"Somos uma marca com forte elo emocional com os nossos consumidores. Nós preservamos a artesania e a sofisticação dos produtos. O valor afetivo é tão importante quanto as ações inovadoras que são esperadas de uma empresa que é líder de mercado", diz a CEO Renata Vichi, que assumiu o cargo em 2020, após 25 anos de empresa.
A Advent International, gestora de fundos de private equity, tem participação no grupo desde 2020. A entrada de fundos no mercado de franquias foi uma das tenências apontadas durante a Convenção da International Franchise Association (IFA) deste ano. A expectativa é acelerar o crescimento da rede e dobrar o tamanho até 2027.
Apesar de dois anos com lojas fechadas durante a Páscoa por conta da pandemia, o Grupo CRM faturou 1,75 bilhão de reais em 2021. A receita do ano passado não foi divulgada. Para 2023, a expectativa é crescer 23% e vender 3,2 milhões de ovos. Em relação ao faturamento, Kopenhagen e Brasil Cacau faturaram R$ 500 milhões nos 45 dias antes da data comemorativa . O percentual de cada marca não foi divulgado.
A Páscoa dos 95 anos da Kopenhagen
Nesta Páscoa, a Kopenhagen celebra seus 95 anos com uma linha comemorativa. Na fábrica, cerca de 400 pessoas se unem temporariamente aos 1,1 mil colaboradores do grupo na produção de chocolate.
Entre as principais apostas, está o desenvolvimento da linha infantil, que está ganhando um portfólio mais robusto neste ano. O personagem Lingato estampa o ovo de pintar e acessórios como caneca e pelúcia.
Com a pandemia, a marca saiu mais forte e digital. Mais 160 lojas devem se juntar as 590 unidades em funcionamento. Todas com um sistema que favorece o franqueado quando os clientes realizam uma compra online. Desenvolvido nos últimos anos, os pedidos via canais digitais são direcionados para as lojas mais próximas do cliente. Antes, os pedidos saiam do centro de distribuição.
“Até o final de abril serão mil lojas, entre Kopenhagen e Brasil Cacau, ou seja, temos uma força enorme em termos de capilaridade. Conseguimos um tempo de entrega bastante competitivo, de apenas três horas, além de reduzir o custo do frete, que hoje não sai mais do que 15 reais para o cliente”, diz Vichi.
A estratégia também beneficia a operacionalização do delivery da empresa. “Por se tratar de produto perecível, precisamos de fretes refrigerados. Com as lojas funcionando como mini centros de distribuição, conseguimos fazer uma milha mais curta de, em média, 1,5 km”, diz.
Brasil Cacau aposta nos sabores brasileiros para decolar
A Brasil Cacau foi criada há 15 anos pela Renata Vichi e tem como característica um público mais jovem e um preço mais competitivo. Com mais de 400 lojas e um portfólio de 150 produtos, a marca trabalha com sabores brasileiros, como brigadeiro e beijinho, tem estratégias digitais bem definidas e almeja novos caminhos para se manter em expansão. Para esse ano são esperadas 60 novas lojas.
"A Brasil Cacau tem uma escala muito maior, um público mais elástico. O mercado está mais ácido este ano e nós estamos com produtos bem competitivos. Um ovo de 400 gramas com muito recheio por 84,90, por exemplo".
Cerca de 150 lojas estão participando de um teste piloto com revendedoras. A iniciativa já representa cerca de 12% dos faturamento das lojas. Os melhores franqueados captam essas revendedoras que ganham uma comissão a cada venda realizada.
Para a Páscoa, a marca também tem investido mais no digital. Um espaço com diversos cenários instagramáveis foi desenvolvido em São Paulo e ações regionais também foram realizadas em abril. A marca conta atualmente com 300 influenciadores. "O QG que é uma casa de experiências de Páscoa com cenários incríveis e muita brasilidade. A comunicação nas redes sociais é um pilar importante da marca".
Parceria com o Habbib's
Para a Páscoa, a Brasil Cacau e a rede de fast food Habbib's desenvolveram novos sabores de esfihas folhadas. Para o lançamento dos três sabores, foram selecionadas trufas da Brasil Cacau. Os lançamentos tiveram dois meses de desenvolvimento e ficam disponíveis até o final de abril.
A parceria faz parte da estratégia da marca de alcançar um público maior
“A Páscoa é uma das datas mais marcantes para a Brasil Cacau e esse ano, além de um recheado portfólio, nos unimos com o Habib’s para oferecer uma experiência única e inédita aos nossos consumidores. Nossa expectativa é que essa novidade conquiste o paladar dos brasileiros e faça com que essa sazonalidade seja ainda mais especial”, diz Carlos Paschoal, Diretor Executivo da Brasil Cacau.
Veja também
O mercado de chocolates em 2023
Apesar do aumento no preço do chocolate, indústria, varejo e pequenos empreendedores apostam na força da data para venderem mais na Páscoa deste ano.
As vendas da Páscoa este ano devem movimentar cerca de R$ 2,5 bilhões, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Este é o terceiro ano com avanço nas vendas. A previsão de faturamento é de 2,8% acima do ano passado, no entanto ainda abaixo do nível pré-pandemia.
O clima também é visto em outras empresas do mercado de chocolates. A Ferrero espera crescer 10% em volume no período. A marca suíça de chocolate Lindt espera vender 400 mil ovos nesta Páscoa, enquanto a Cacau Show tem a expectativa de faturar R$ 1 bilhão com a data.
Entre os pequenos e médios negócios, a expectativa é vender mais de 10 mil toneladas do produto, que foi o volume estimado pela Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab) em 2021.
Para este ano, segundo a associação, a aposta é na oferta de produtos com gramaturas variadas, de modo a agradar o bolso de diferentes públicos. Essa é uma estratégia para enfrentar a queda do poder de compra das famílias, principalmente devido ao impacto da alta da inflação sobre os alimentos.
Compartilhe este artigo
Tópicos relacionados
Créditos
Isabela Rovaroto
Repórter de Negócios
Formada pela PUC-SP e com pós em Finanças, Investimentos e Banking. Trabalha na EXAME há seis anos. Atualmente, se dedica à cobertura de negócios e empreendedorismo.