Tecnologia inteligente
Há dois anos, a fabricante de máquinas agrícolas CNH Industrial adquiriu a empresa Raven Industries, voltada à agricultura de precisão -- o que inclui a inteligencia artificial. O valor da companhia, à época, era de US$ 2,1 bilhões.
Em entrevista à EXAME, Rafael Miotto, presidente da multinacional para América Latina, diz que o futuro de tratores e implementos está diretamente ligada à geração de trabalhores no campo. Enquanto no exterior a população rural está envelhecendo e não há sucessores -- o que abre espaço para a autonomia das máquinas --, no Brasil os jovens são atraídos pela adoção de tecnologia.
"[A aquisição] já mostra um pouco para onde vão as coisas, uma empresa de máquinas adquirindo uma empresa de tecnologia", diz Miotto.
Conectividade para as máquinas
"A conectividade no campo está crescendo a passos largos", segundo Rafael Miotto, o que influencia diretamente no desempenho das máquinas agrícolas enquanto operam na lavoura. Isso porque, o acesso à internet possibilita uma tomada de decisão mais rápida em meio a uma operação de plantio ou colheita.
O presidente da CNH Industrial exemplifica que, a partir da conetividade, é possível identificar uma falha e corrigi-la em tempo real, economizando tempo e trazendo mais eficiência na atividade agrícola.
Influência do clima nas máquinas
A época de plantio, pulverização de defensivos e colheita está diretamente ligada às condições climáticas, inclusive no que diz respeito ao financiamento da safra, pois a incerteza das condições climáticas pode resultar em perda de investimentos.
Neste sentido, Rafael Miotto, presidente da CNH Industrial para América Latina, afirma que a dinâmica entre chuva e estiagem influencia no desempenho dos tratores.
"Você só pode colher com determinado nível de umidade [na planta]. A partir de uma determinaa quantidade de água, você demora para entrar com a máquina para colher", diz. Além disso, investir em maquinários maiores e mais eficientes permite agilizar a execução das tarefas e reduz a exposição a riscos climáticos.
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O conceito de inovação aberta no campo
A inovação aberta no setor agrícola abrange o setor de máquinas, que cada vez mais se relaciona com outras empresas do segmento para pensar soluções integradas ao produtor rural.
O presidente da CNH Industrial destaca a aptidão do Brasil para a inovação aberta, pois o setor agrícola no país é altamente moderno e, aliado à inclinação da sociedade para a inovação, contribui para o sucesso no segmento rural.
"A única forma que acredito de o Brasil ter sucesso é parar com a ideia de sistema fechado. Só vamos conseguir evoluir se fizermos algo como o ConectarAgro", afirma. Ele se refere à associação que fomenta a expansão da conectividade rural, da qual a CNH faz parte junto a outras empresas como TIM, Vivo, Bayer, Solinftec, Yara, além da concorrente de máquinas agrícolas AGCO.
Biocombustíveis para máquinas agrícolas
Dentro do universo de máquinas agrícolas, outro ponto de discussão é a utilização de biocombustíveis. Rafael Miotto afirma que as fazendas pelo Brasil já possuem alta disponibilidade de biogás, por se tratar de um produto proveniente de dejetos. "O que falta é tecnologia para caputar o gás de forma eficiente, filtrado, com segurança", diz.
Assim, o segmento de tratores e implementos vê no biocombustível uma solução para reduzir um passivo ambiental nas propriedades ruais, além de reduzir o custo dos produtores. "Aumenta a rentabilidade, é sustentabilidade econômica", afirma.
Entrevista completa
Para assistir a entrevista completa com Rafael Miotto, presidente da CNH Industrial, confira o vídeo a seguir:
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Créditos
Mariana Grilli
Repórter de Agro
Graduada em Jornalismo com especialização em Agronegócios pela FGV. Trabalhou como repórter na Rádio Jovem Pan e na Revista Globo Rural. É vencedora do 2° Prêmio GTPS de Jornalismo e do Prêmio Rede ILPF de Jornalismo.