Um compromisso renovado com o futuro: tendências promissoras no Investimento Social Corporativo
As empresas brasileiras investiram R$ 4 bilhões na frente social em 2022, o equivalente a 0,80% do lucro bruto, segundo relatório BISC, da Comunitas
Publicado em 13 de novembro de 2023 às, 16h41.
Última atualização em 23 de outubro de 2024 às, 17h00.
Por Regina Esteves, diretora-presidente da Comunitas
As empresas brasileiras estão ampliando a importância que conferem a seus investimentos sociais. O reconhecimento do setor privado como parceiro estratégico relevante para a superação de desafios sociais, especialmente em relação aos efeitos da mudança climática, repercute nas empresas na forma de qualificação de sua atuação social corporativa e no crescente reconhecimento de seu papel estratégico.
O investimento social corporativo (ISC) atingiu volume de R$ 4,026 bilhões em 2022 e o relativo do lucro bruto das companhias subiu para 0,80%, segundo levantamento do Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC), da Comunitas, que também identificou tendências relevantes para os próximos anos. Mas, como essas prioridades estão sendo definidas? Que tendências apontam?
Para responder essas e outras perguntas, desde 2008 a Comunitas realiza a primeira e única pesquisa do Brasil com periodicidade anual que identifica padrões e estabelece parâmetros e evidências para o ISC no Brasil.
Neste processo, formou-se uma rede robusta de aprendizado, troca de experiências e fortalecimento de parcerias: o BISC. A rede e a pesquisa constituem-se em uma forma de apoio à gestão e à qualificação do investimento social realizado por essas organizações. E isso produz conhecimento para apoiar a tomada de decisão do setor corporativo e da sociedade civil, propõe indicadores de monitoramento e dá visibilidade a boas práticas e tendências.
Em sua última edição lançada recentemente, observou-se um expressivo fortalecimento de ações voltadas ao apoio emergencial diante de desastres climáticos. Dessa forma, viu-se também uma tendência de focalização do ISC por população e temáticas sociais trabalhadas pelos programas e projetos sociais, embora os dados também apontem alta diversidade de estratégias.
Como está a atuação social das empresas
De fato, está em curso um processo de revisão dos planejamentos estratégicos da atuação social das empresas, em um contexto de legados deixados pela experiência de enfrentamento à Covid-19 e de aproximação do prazo de 2030 para o cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs).
Outra novidade trazida por esta edição foi o aprofundamento da coleta de percepções qualitativas, por meio de um grupo focal com lideranças sociais corporativas da rede, onde foi compartilhada a visão do grande potencial de ampliar o alcance e o impacto da atuação social das empresas ao organizá-las a partir de parcerias e coalizões com governos e outras fundações e institutos, inclusive empresariais, alinhados com os mesmos propósitos e objetivos.
A observação também vale para o fortalecimento das capacidades de lidar com as mudanças climáticas. A percepção das lideranças é de que é necessário o diálogo com o poder público, criando uma relação de ganha-ganha que beneficia tanto as empresas quanto a sociedade. E que essa agenda pode e deve evoluir da mitigação para a adaptação climática.
Nesse cenário, o ISC pode contribuir em frentes como a construção de projetos por entes públicos locais, captação de recursos junto a bancos e organizações multilaterais, bem como capacitação e empregabilidade dentre outros.
De fato, as frentes de mitigação, adaptação e resiliência climática aparecem como uma das grandes tendências para a atuação social das empresas nos próximos anos.
O que aprender com Recife
A experiência da cidade do Recife, devastada pelas chuvas em 2022, é um exemplo que evidencia o impacto que a colaboração público-privada pode ter. A existência prévia de um plano de transformação urbana deu condições para que o município desse uma rápida resposta via captação de recursos junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para dar vida ao ProMorar, programa de requalificação e resiliência urbana em áreas vulneráveis que busca desenvolver soluções de macrodrenagem, saneamento e moradia com perspectiva de impactar mais de 100 mil recifenses diretamente.
Este caso particular pode ser multiplicado através do apoio do ISC e da sociedade civil, seja na mobilização em torno da urgência do tema, seja no apoio direto a entes públicos que possuam limitações de recursos.
Avanços significativos para impulsionar mudanças na sociedade precisam de abordagens estratégicas de longo prazo com o objetivo de causar um impacto social profundo e em escala.
Lançar luz sobre os dados e tendências do investimento social é primordial para o fortalecimento da atuação de empresas, institutos e fundações frente aos desafios que se revelam - e ainda vão se revelar - na nossa sociedade. Que iniciativas como estas possam firmar ainda mais o nosso compromisso com um futuro mais promissor.