Ciência

Jovens bolivianos criam chip detector da tuberculose

A tuberculose é uma das maiores causas de mortalidade no mundo, com 1,3 milhão vítimas por ano

Microscópio: taxas de mortalidade mais altas pela doença estão nos países pobres ou em vias de desenvolvimento (Eric Piermont/AFP)

Microscópio: taxas de mortalidade mais altas pela doença estão nos países pobres ou em vias de desenvolvimento (Eric Piermont/AFP)

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EFE

Publicado em 1 de novembro de 2016 às 14h33.

Última atualização em 1 de novembro de 2016 às 14h34.

La Paz - Dois universitários bolivianos criaram um chip para microscópios que detecta automaticamente a tuberculose em amostras de saliva, um processo que na Bolívia e em outros países em desenvolvimento é realizado com baciloscopias nem sempre precisas.

Rodrigo Loza, de 22 anos, e Khalil Nallar, de 21, estudantes de biomedicina e mecatrônica, respectivamente, na Universidade Católica Boliviana, consideram o dispositivo uma alternativa aos "métodos antigos e pouco precisos" usados para diagnosticar a doença.

"Propomos um dispositivo barato, automático (sem necessidade de manipulação humana) e 100% seguro", afirmou Loza à Agência Efe.

A tuberculose é uma das maiores causas de mortalidade no mundo com 1,3 milhão vítimas por ano, no entanto, as taxas de mortalidade mais altas pela doença estão nos países pobres ou em vias de desenvolvimento de África, Ásia e América Latina.

Loza e Nallar começaram seu trabalho com uma visita ao Hospital do Tórax de La Paz, instituição que diagnostica a tuberculose com base na baciloscopia, teste seriado de três dias consecutivos, onde se colhe uma amostra de saliva para detectar a doença.

No entanto, explicou Nallar, o método tem "várias limitações", já que é um processo "longo e cansativo" para o médico, porque ele tem que ficar várias horas olhando no microscópio.

Além disso, é "pouco confiável", porque não estabelece com certeza se a bactéria causadora da doença está no organismo do paciente, o que dificulta a prevenção.

Loza ressaltou que é muito importante diagnosticar a doença a tempo, mas às vezes isso não acontece.

"Foram criados novos métodos de tipo molecular para detectar a doença, mas não são implementados em países pobres devido à falta de recursos econômicos e de pessoal capacitado na área", acrescentou.

Diante disto, os inventores pensaram em automatizar o diagnóstico da tuberculose por meio de um chip inteligente que permite ao microscópio identificar automaticamente a doença e processar os resultados em um aplicativo que os médicos possam usar.

"O bom de nosso dispositivo é que é preciso, rápido e barato, custa US$ 130 e inclusive poderia ser menos se a produção for massificada, portanto nós propomos a especificidade e precisão de diagnósticos a um baixo custo", ressaltou Loza.

O dispositivo proposto pelos jovens é formado por uma parte mecânica e outra com um hardware (suporte físico) e um software (suporte lógico).

Segundo Lozza, na parte mecânica se desenvolveram modelos em 3D ajudados por ferramentas de software que permitiram dar movimento ao microscópio e automatizar todos seus eixos.

"Para o software se desenvolveu a inteligência artificial do dispositivo e o controle da parte mecânica", acrescentou Nallar.

O primeiro protótipo do dispositivo está pronto e agora é objeto de testes no laboratório de baciloscopia do Hospital do Tórax.

O responsável pelo laboratório, o médico Anel Álvarez, comentou à Efe que o dispositivo "funciona bem" e, embora "falte trabalhar um pouco" com a identificação precisa dos bacilos, o trabalho do chip é "impressionante".

Disse que normalmente no laboratório são feitos entre 30 e 40 baciloscopias diárias e que, muitas vezes, dão como resultados falsos negativos.

"Aplicar o chip criado pelos rapazes seria algo genial porque nos ajudaria bastante na precisão e rapidez do diagnóstico, o que contribuiria para a prevenção da doença", acrescentou Álvarez.

Loza e Nallar apresentaram seu dispositivo no Hackaday Price, concurso americano que conta com a participação de mil representantes de diferentes partes do mundo.

O fim do concurso, segundo os inventores, é promover a descentralização da tecnologia, que até agora é manuseada pelas grandes empresas e incentivar a realização de projetos tecnológicos "livres e independentes" em nível mundial.

São os dois únicos representantes bolivianos que agora estão entre os cem finalistas do concurso, cujo resultado será conhecido nesta primeira semana de novembro.

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