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UFRJ descobre caso curioso de paciente que ficou 5 meses com covid-19

Além de ser surpreendente, a descoberta acende um alerta: por quanto tempo o coronavírus pode ser passado para outras pessoas?

Coronavírus: pesquisadores da UFRJ descobriram que pessoas podem continuar infecciosas mesmo após 14 dias (Francesco Carta fotografo/Getty Images)

Tamires Vitorio

Publicado em 2 de setembro de 2020 às 15h10.

Em média, uma infecção pelo novo coronavírus pode durar até duas semanas após o aparecimento dos sintomas iniciais. Mas não foi o que aconteceu com uma paciente monitorada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) .

Os cientistas da universidade brasileira descobriram um caso raro de uma mulher que enfrentou um quadro de covid-19 por cinco meses --- o primeiro caso tão duradouro assim no mundo todo --- e, em alguns dias, ela sequer apresentou algum sintoma da doença.

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A paciente que ficou infectada por 152 dias é uma mulher identificada como "paciente número 3" e trabalha na área de saúde do Rio de Janeiro. Ela foi diagnosticada em março, com um quadro leve; após três semanas, ela já não apresentava mais nenhum sintoma da doença, mas continuava infectada pela covid-19.

Em entrevista à EXAME por telefone, Amilcar Tanuri, virologista da UFRJ e um dos autores do estudo, afirma que mais pesquisas sobre o caso em específico devem ser feitas para explicar melhor o que aconteceu com a "paciente número 3". "Do caso dessa paciente de 152 dias, ainda faltam alguns elementos para serem estudados e caracterizados. Apesar disso, é um caso muito raro, não é a regra ", diz.

Os cientistas ainda não sabem se o caso se trata ou não de uma reinfecção e mais análises devem ser feitas. Segundo ele, outros casos parecidos estão sendo estudados no momento e uma versão finalizada da pesquisa deve ser publicada em breve.

A descoberta faz parte de um estudo maior, feito com cerca de 3 mil pessoas, no qual também foi apontado que os indivíduos podem continuar a passar o vírus mesmo após a segunda semana de contágio. Os testes realizados foram do tipo molecular RT-PCR, o mais assertivo para casos de coronavírus.

Depois dessa coleta, foram selecionados 50 indivíduos que obtiveram resultados positivos em mais de um caso. Cerca de 20% delas tinham vírus com potencial de transmissão mesmo após 14 dias do aparecimento dos primeiros sintomas --- para algumas o tempo aumentava para até 40 dias. Foi então que a "paciente número 3" teve testes positivos por até cinco meses --- uma surpresa para os cientistas.

"A mensagem principal do estudo é que é mais seguro liberar a pessoa da quarentena após a realização do PCR, principalmente se forem profissionais da área de saúde", explica. O ideal, segundo Tanuri, é realizar um teste do tipo 14 dias após os primeiros sintomas e, caso ele dê positivo, testar novamente na marca de 21 dias.

A pesquisa foi realizada pelos professores Luciana Costa, Amilcar Tanuri e Teresinha Marta Castineiras.

Além de ser surpreendente o caso da paciente que ficou cinco meses com a covid-19 em seu organismo, a descoberta acende um alerta: por quanto tempo o coronavírus pode, realmente, ser passado para outras pessoas?

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