Tubarão-martelo: para o estudo, 20 animais da espécie foram capturados no Golfo do México (LagunaticPhoto/Getty Images)
Laura Pancini
Publicado em 13 de maio de 2021 às 08h00.
Tubarões-martelo, tartarugas marinhas, enguias e certas espécies de aves marinhas usam o campo magnético da Terra para navegar embaixo d'água.
A informação é de novo estudo publicado na revista científica Current Biology. A equipe de pesquisadores por trás foi parcialmente financiada pela fundação Save Our Seas, organização sem fins lucrativos que apoia a pesquisa de conservação marinha.
O grupo capturou 20 tubarões-martelo no Golfo do México, na costa da Flórida, para a pesquisa em laboratório. Lá, os animais foram colocados em um tanque com sistema de bobinas magnéticas, que expôs os tubarões a campos magnéticos semelhantes ao de diferentes localizações geográficas.
“Sabemos que tubarões, raias e patins [grupo de peixes conhecido como ‘elasmobrânquios’] são sensíveis ao campo eletromagnético”, disse Bryan Keller, autor principal do estudo e estudante de doutorado em oceanografia na Florida State University. “O que estávamos especificamente interessados em testar era se essa capacidade permite inferir informações semelhantes a um mapa do campo magnético da Terra.”
As respostas dos tubarões foram registradas através de um software e os pesquisadores observaram para qual direção eles tentavam nadar.
"O campo magnético pode ser especialmente útil para animais marinhos, porque eles não têm tanto acesso a pontos de referência, estrelas ou outros guias", escreveu Catherine Lohmann, bióloga da Universidade da Carolina do Norte, para o site Popular Science.
Em um teste, os pesquisadores colocaram os tubarões em um campo magnético equivalente a uma localização bem ao sul de um dos habitats preferidos dos animais. Ao invés de nadar aleatoriamente, os tubarões nadaram em uma espécie de "formação de meia-lua", indo da esquerda para a direita em uma tentativa de empurrar para o norte.
Outro teste tentou analisar o oposto, se eles tentariam se mover para o sul se colocados mais ao norte do que o esperado, mas os animais não seguiram tal tendência.
A explicação dos autores do estudo é que os tubarões-martelo não tinham familiaridade com o campo magnético mais ao norte, sugerindo que o "mapa magnético" feito pelos animais é algo baseado em experiência, ao invés de uma habilidade inata. “Mas, realmente, para que possamos fazer essa afirmação, precisamos fazer mais pesquisas”, disse Keller.
“Este estudo é um grande passo em nossa compreensão geral das capacidades de navegação desses animais”, disse Yannis Papastamatiou, professor assistente de biologia na Florida International University que não esteve envolvido na pesquisa. “Não é um experimento de campo, mas ainda é uma evidência bastante convincente.”