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Gustavo Gusmão
Publicado em 15 de janeiro de 2019 às 05h58.
Última atualização em 15 de janeiro de 2019 às 05h59.
São Paulo — Nem fama, nem dinheiro e muito menos um carro caro. O segredo para envelhecer com saúde e feliz é, basicamente, o amor — seja ele romântico ou fraternal. Pelo menos é essa uma conclusões prévias de uma pesquisa da Universidade de Harvard, conduzida desde os anos 40 com um grupo de homens norte-americanos.
Os estudos, na verdade, são dois: o Grant Study e o Glueck Study. O primeiro, iniciado na década de 40, envolvia inicialmente apenas 268 alunos da universidade que se formaram entre 1939 e 1944. Essa lista foi expandida posteriormente para incluir os filhos desses participantes, e chegou a mais de 1.300 entrevistados fixos. Em 2017, no entanto, apenas 19 dos "membros" originais estavam vivos, enquanto seus descendentes já passavam dos 50 anos.
Já o segundo estudo do par foi iniciado algumas décadas depois, nos anos 70, e incluiu nas avaliações 456 homens não tão ricos que foram criados nas redondezas de Boston. Mulheres só foram entrar na lista algumas décadas depois — elas não estavam desde o começo porque os alunos de Harvard eram todos homens quando a pesquisa começou.
Tanto o Grant quanto o Glueck Study são conduzidos da mesma forma. A cada dois anos, pelo menos, todos os participantes precisam ser avaliados, seja por meio de um questionário, por informações médicas ou por entrevistas pessoais. As perguntas giram em torno de temas como saúde, carreira, aposentadoria e casamento.
Desde o princípio, a ideia com essas avaliações era descobrir o que está associado a um processo de envelhecimento saudável e feliz. E segundo um artigo do The Harvard Gazette, em todos esses anos de estudo, os pesquisadores encontraram uma "correlação forte entre uma vida próspera e as relações [dos participantes] com familiares, amigos e a comunidade". Um alto nível de satisfação com os relacionamentos aos 50 anos de idade "era um indicador melhor de boa saúde física do que os níveis de colesterol".
Mais do que isso, na verdade: laços fortes são sinais melhores "de uma vida longa e feliz do que classe social, QI ou mesmo genes", diz o texto. Segundo uma reportagem do site FastCompany, esse é um fator tão importante que, pelos dados, as pessoas que se sentem sozinhas estão propensas até a morrer mais cedo.
Mas, claro, não é qualquer relação que vale. Robert Waldinger, diretor do Harvard Study of Adult Development, que junta os dois estudos, disse ao FastCompany que "o que importa é a qualidade dos relacionamentos próximos". Não basta ter um círculo enorme de amigos, por exemplo: é preciso desenvolver uma relação de confiança mútua com eles — sem esquecer nunca de lidar com a vida para evitar afastá-los.