Ciência

Startup israelense cria primeiro bife em laboratório

Feito a partir de células bovinas, produto reproduz a aparência e o gosto de um bife convencional

. (Aleph Farms/Divulgação)

. (Aleph Farms/Divulgação)

São Paulo - A startup israelense Aleph Farm anunciou na última quarta-feira (12) a criação do primeiro corte de carne comestível em laboratório, a partir das células extraídas de uma vaca. Segundo a empresa, foi possível reproduzir a “experiência completa” com a aparência, forma e textura dos cortes de carne bovina.

“O avanço não só obtém a verdadeira textura e estrutura do bife de tecido muscular de carne, mas também o sabor e a forma, estabelecendo uma nova referência na tecnologia de carne de cultura celular”, diz a startup em um comunicado.

O grande desafio, conta a empresa, era encontrar uma combinação de nutrientes que estimulasse as células animais extraídas a se transformarem em uma estrutura de tecido comparável à encontrada em uma vaca real. O obstáculo foi superado graças a uma plataforma de bioengenharia desenvolvida em colaboração com o Instituto de Tecnologia de Israel.

"Estamos moldando o futuro da indústria da carne - literalmente", diz Didier Toubia, cofundador e CEO da Aleph Farms. "Fazer uma empada ou uma salsicha de células cultivadas fora do animal já é suficientemente desafiador, imagine como é difícil criar um músculo de bife inteiro. [...] Os produtos iniciais ainda são relativamente finos, mas a tecnologia que desenvolvemos marca um verdadeiro avanço na produção de um bife de cultura celular."

Veja abaixo o vídeo de divulgação do primeiro protótipo do bife (legendas em inglês):

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Em escala 3D, produção do bife está mais barata

A diferença do novo bife para as experiências anteriores de reprodução de hambúrgueres e almôndegas em laboratório é que, em vez de cultivar as células em uma superfície plana, a startup consegue cultivar quatro tipos de células animais em uma escala tridimensional. "Somos a única empresa que tem capacidade para fabricar carne totalmente texturizada que inclui fibras musculares e vasos sanguíneos - todos os componentes que fornecem a estrutura e as conexões necessárias para o tecido", disse Toubia ao site Business Insider.

Passados cinco anos da criação do primeiro hambúrguer em laboratório, os cientistas avançaram bastante em termos de fidelidade de aparência e gosto. A redução de custo para a produção também chama a atenção. Enquanto o primeiro hambúrguer custou 325 mil dólares (cerca de 1,2 milhão de reais) para ser criado, o bife da Aleph Farms custa 50 dólares (cerca de 195 reais) e leva de duas a três semanas para ser produzido em laboratório (em fase de protótipo). Já para o cozimento, o bife pode ser preparado em apenas um minuto, segundo os criadores.

A empresa relata que o bife tem “exatamente o mesmo sabor característico de uma carne convencional”, e é possível ver e sentir as fibras no momento do corte.

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