Sem provas, Rússia diz que vacina criou imunidade contra covid-19
Segundo o governo, os cientistas irão divulgar os resultados até o final de agosto
Tamires Vitorio
Publicado em 4 de agosto de 2020 às 11h22.
Última atualização em 10 de agosto de 2020 às 15h42.
O governo da Rússia anunciou ter finalizado o exame dos voluntários que participaram das fases clínicas de uma vacina contra o novo coronavírus. A vacina foi capaz de induzir uma resposta imune nos pacientes e os cientistas irão divulgar os resultados até o final de agosto, de acordo com autoridades locais.
No sábado, 1, a Rússia informou que promoverá uma vacinação em massa contra o novo coronavírus já em outubro deste ano. A vacina usada seria desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, um projeto que tem causado controvérsia na comunidade científica pela falta da divulgação de dados em relação à efetividade ou não dela para proteger o organismo humano da infecção viral.
De acordo as autoridades russas, a vacina foi capaz de criar uma resposta imune 100% eficaz e que "dobrou quando uma segunda dose foi administrada".
No entanto, se a vacina der certo, a Rússia ganhará a nova guerra fria em busca de uma proteção contra a covid-19.
Além de aliviar a crise de saúde mundial, que já matou mais de 680 mil pessoas, seria um golpe nos Estados Unidos e no Reino Unido, que recentemente acusaram o país de hackear seus sistemas para derrubar pesquisas sobre vacinas contra a covid-19.
A fase três de testes começará no início deste mês, segundo um oficial do fundo de investimento do país para uma vacina.
A vacina russa é baseada no adenovírus humano fundido com a espícula de proteína em formato de coroa que dá nome ao coronavírus.
É por meio dessa espícula de proteína que o vírus se prende às células humanas e injeta seu material genético para se replicar até causar a apoptose, a morte celular, e, então, partir para a próxima vítima.
Especialistas em saúde pública seguem prevendo as vacinas para meados de 2021.
De acordo com o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) do dia 31 de julho, 26 vacinas estão em fase de testes e outras 139 estão em desenvolvimento. Das 26 em testes clínicos, 6 estão na última fase. A vacina da Rússia não está presente no relatório da OMS.