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Pacientes graves da covid-19 têm sequelas por 4 meses, indica pesquisa

Dados preliminares de um estudo feito em um hospital do Paraná mostram que 90% dos pacientes relatam fadiga por meses, mesmo após a cura

Paciente com covid-19 é tratado em hospital. (Kacper Pempel/Reuters)

Paciente com covid-19 é tratado em hospital. (Kacper Pempel/Reuters)

GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 30 de maio de 2021 às 08h10.

Há vários estudos no mundo para entender como a covid-19 afeta as pessoas após a alta médica. O principal sintoma percebido, sobretudo pelos pacientes que tiveram a forma mais grave da doença, é a falta de ar, além da perda de olfato e de paladar. Uma pesquisa no Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba, no Paraná, com 100 pacientes, aponta que vários sintomas apresentados na forma aguda da doença persistem por, pelo menos, quatro meses.

Os dados ainda preliminares, os quais EXAME teve acesso com exclusividade, mostram que nos primeiros meses de acompanhamento dos pacientes, 90% apresentam fadiga, 70% falta de ar e dores musculares. A perda de olfato e paladar é percebida em 40% dos casos, e 30% relatam dores de cabeça persistentes. Além disso, ainda foram relatados falta de memória, queixas cognitivas e problemas gastrointestinais.

O acompanhamento é feito com pessoas de 24 a 76 anos, encaminhadas pelas unidades de saúde e outros hospitais da capital paranaense. A média dos sintomas pós-coronavírus é superior ao registrado em outros estudos no mundo porque o grupo analisado é de pacientes que precisaram ficar internados em leitos de UTI. Na população em geral, estes sintomas são percebidos em uma parcela que varia de 10% a 30% dos casos, e as sequelas duram por três meses.

70% dos pacientes sentem falta de ar e dores musculares após meses de alta hospitalar

“A gente identificou que vários órgãos do corpo podiam sair com mais sequelas. Precisamos tomar cuidado para não sermos alarmistas. Estamos falando de um grupo que teve a doença no caso mais grave. A gente ainda não olhou os resultados do estudo com mais de 6 meses pós-covid-19, precisamos de mais dados”, explica Cristina Pellegrino Baena, pesquisadora e coordenadora do Programa de pós-graduação em ciências da saúde da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

Ela explica que o ambulatório para pacientes pós-coronavírus foi montado para prestar um acompanhamento melhor, e ajudá-los a superar os sintomas com o objetivo de uma recuperação plena. A equipe é composta por profissionais de várias áreas da saúde, como médicos, fisioterapeutas, psicólogos, e enfermeiros.

“A fisioterapia é o carro-chefe da recuperação, com a ajuda de remédios. Os pacientes precisam voltar à vida normal e nós ajudamos neste processo. Metade das pessoas não conseguiram completar um teste de caminhada simples durante 6 minutos, por exemplo”, diz Cristina Pellegrino Baena.

Daqui para frente, a ideia é reunir mais dados e compartilhar com outros profissionais de saúde, ajudando na recuperação das pessoas que tiveram a covid-19.

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