Cigarro eletrônico: Ainda que estes dispositivos exponham o consumidor a uma quantidade menor de toxinas do que o tabaco, também representam riscos para a saúde, afirma a OMS em seu relatório (Joe Raedle/Getty Images)
AFP
Publicado em 26 de julho de 2019 às 17h13.
Última atualização em 26 de julho de 2019 às 17h14.
Os cigarros eletrônicos são, "indubitavelmente, prejudiciais" e deveriam ser regulados, afirmou a Organização Mundial de Saúde (OMS) nesta sexta-feira (26), desaconselhando o uso desses vaporizadores aos fumantes que tentam abandonar o hábito.
A popularidade dos cigarros eletrônicos - que permitem a inalação de líquidos com nicotina e aromatizantes - pôs em alerta legisladores de todo mundo, que temem que isso se torne uma porta de entrada para outros vícios para os jovens.
Ainda que estes dispositivos exponham o consumidor a uma quantidade menor de toxinas do que o tabaco, também representam riscos para a saúde, afirma a OMS em seu relatório, divulgado nesta sexta no Rio de Janeiro.
Em seu documento, a OMS avalia os resultados das MPOWER, o conjunto de medidas adotado pelos 180 países signatários da Convenção-Quadro da Organização Mundial da Saúde para o Controle do Tabaco (CQCT da OMS).
"Embora os níveis específicos de risco associados aos SEAN (Sistemas Eletrônicos de Administração de Nicotina) não tenham sido estimados de forma conclusiva, os SEAN são, indubitavelmente, prejudiciais e deveriam, portanto, estar sujeitos à regulação", indica a OMS em seu último informe sobre a epidemia global de tabaco.
A organização adverte ainda que não há evidências suficientes de que os cigarros eletrônicos sejam efetivos para deixar de fumar.
"Na maioria dos países onde estão disponíveis, a maior parte dos que usam cigarros eletrônicos continua fumando cigarro (convencional) ao mesmo tempo, o que tem muito pouco, ou nenhum impacto benéfico para a saúde", acrescenta a OMS.
A apresentação do relatório aconteceu no Museu do Amanhã, com a participação do Ministério da Saúde. O Brasil trava seu próprio combate contra o flagelo da nicotina.
Em maio, a OMS aplaudiu a decisão da Advocacia Geral da União (AGU) de processar as multinacionais do setor, assim como suas filiais, para que cubram os gastos com tratamentos médicos relacionados ao consumo de tabaco.
Nos últimos anos, as empresas do setor fizeram uma intensa campanha publicitária em torno do cigarro eletrônico e dos dispositivos que esquentam os líquidos com nicotina e aromatizantes, em busca de novos clientes.
As companhias argumentam que esses produtos são muito menos nocivos do que os cigarros tradicionais e podem ajudar os fumantes incapazes de abandoná-los completamente a migrarem para alternativas "mais seguras".
A OMS adverte, porém, que a desinformação disseminada pela indústria do tabaco sobre os cigarros eletrônicos representa uma "ameaça atual e real".
As restrições ao uso de cigarros eletrônicos no mundo todo estão aumentando.
No mês passado, a cidade de San Francisco proibiu a venda e a fabricação desses dispositivos.
A China, que responde por quase 25% dos fumantes do mundo, também planeja regular esses dispositivos eletrônicos.
Em seu relatório, a OMS alerta ainda que é preciso um esforço maior para ajudar os fumantes a parar de fumar e aponta que "apenas 30% da população mundial tem acesso a serviços adequados" para cessar com o tabagismo.
Entre estes serviços, a organização menciona aconselhamento, linhas telefônicas nacionais de cessação gratuitas, terapias também gratuitas de substituição da nicotina, ou medicamentos.
Sem ajuda, apenas 4% dos fumantes que tentam deixar o hábito têm sucesso.
Todos os anos, o cigarro provoca a morte de oito milhões de pessoas, entre fumantes e fumantes passivos.
Ainda que o número de fumantes no mundo tenha diminuído ligeiramente desde 2007, continua sendo muito alto, em cerca de 1,4 bilhão - homens, em sua grande maioria.
"As pessoas que largam o cigarro podem viver vidas mais longas, saudáveis e produtivas", conclui a OMS.