Novo estudo aponta que maioria dos coronavírus são sazonais
Um estudo apontou que os tipos de coronavírus costumam ter pico de casos no inverno, mas ainda é cedo para dizer como SARS-CoV-2 irá se portar
Maria Eduarda Cury
Publicado em 8 de abril de 2020 às 19h30.
Última atualização em 8 de abril de 2020 às 19h30.
Um novo estudo , realizado pela Escola de Saúde Pública da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos , aponta que os tipos de coronavírus , sendo quatro destes responsáveis por causar problemas respiratórios, que infectam humanos costumam ser sazonais - o que significa que apresentam pico de casos em estações específicas e, neste caso, é o inverno.
Os sete tipos de coronavírus, que foram reconhecidos como patógenos respiratórios humanos, são historicamente registrados em doenças respiratórias mais leves - o que não é o caso do SARS-CoV-2, responsável pelo covid-19. Publicado no Journal of Infectious Diseases, o estudo tem como objetivo comparar a progressão de outros tipos do vírus com o atual, para que os cientistas possam se preparar para mais cenários.
Arnold Monto, professor colegiado de epidemologia da Universidade Thomas Francis, disse em comentário na pesquisa que não é possível, ainda, declarar que o vírus atual se comportará como os demais: "Embora os coronavírus sazonais encontrados em Michigan estejam relacionados ao SARS-CoV-2, não sabemos se esse vírus se comportará como os coronavírus sazonais. Somente o tempo dirá se o SARS-CoV-2 se tornará uma presença contínua no cenário de infecções respiratórias, continuará com circulação limitada, assim como o MERS, ou como o SARS, desaparecerá completamente dos seres humanos", completou.
Dentre os exemplos de surtos de coronavírus mais antigos, estão a síndrome respiratória aguda grave, SARS, em 2002 e a síndrome respiratória do Oriente Médio, MERS, em 2012. Em ambos os casos, o que ocorreu foi uma mutação do vírus, que foi transmitido para os humanos por meio de animais - o que acredita-se ter iniciado a pandemia de 2020.
Utilizando dados do estudo de Avaliação de Vacinas contra a Gripe Doméstica, que contou mais de mil voluntários. com doenças respiratórias, Monto e seus colegas de estudo estabeleceram algumas características em comum entre os coronavírus leves - OC43, 229E, HKU1 E NL63 - nos Estados Unidos. Confira, abaixo:
- 9% dos casos em adultos e 20% dos casos em crianças foram associados a consultas médicas. Cerca 30% dos casos necessitam de consulta médica.
- Durante a vigilância anual, a maioria dos casos de coronavírus foi detectada entre dezembro e abril/maio, atingindo o pico em janeiro ou fevereiro. E apenas 2,5% dos casos aconteceram no segundo semestre.
- Crianças com menos de 5 anos foram os indivíduos mais infectados.
- Dentre as 993 infecções, 260 foram adquiridas a partir de um contato físico.
- O intervalo entre o índice e os casos adquiridos no domicílio variou de 3,2 a 3,6 dias, e o risco de infecção secundária variou de 7,2% a 12,6%.
- Os pacientes com mais casos graves eram crianças menores de 5 anos e adultos com mais de 50 anos.
Embora os coronavírus apresentem similaridades, Monto e seus colegas reforçaram que não é possível ditar, com base apenas em seu estudo, como o novo coronavírus irá se portar daqui para frente. Acredita-se, porém, que ele tem um potencial de transmissão semelhante ao do vírus influenza A. É necessário estudar as futuras mutações do SARS-CoV-2 para decidir se será ou não sazonal.