(Gazprom/Divulgação)
AFP
Publicado em 18 de agosto de 2020 às 12h29.
Última atualização em 18 de agosto de 2020 às 13h06.
No Ártico, a camada de gelo está derretendo mais rápido do que os modelos teóricos atuais preveem, alertaram nesta terça-feira (18) pesquisadores da Universidade de Copenhague.
"Nossas análises das condições no Oceano Ártico mostram claramente que subestimamos o índice de aumento da temperatura na atmosfera mais próxima do nível da água, o que acabou derretendo o gelo mais rápido do que havíamos previsto", afirmou Jens Hesselbjerg Christensen, professor de Climatologia, em um comunicado da universidade.
Segundo os autores deste estudo, publicado no final de julho na revista científica Nature, o aumento excepcional das temperaturas observado atualmente no Ártico só aconteceu durante a última era glacial.
Naquela época, as temperaturas sobre o manto de gelo que cobre a Groenlândia aumentaram várias vezes, entre 10 e 12ºC, em um período de 40 a 100 anos.
Até agora, os cientistas basearam suas especulações em um aumento lento e constante da temperatura no Ártico, mas este novo estudo revela que a taxa de aumento é ainda mais sustentada.
"As mudanças ocorrem tão rapidamente durante os meses do verão (hemisfério norte), que é provável que a camada de gelo da Groenlândia desapareça mais rápido do que o previsto pela maioria dos modelos climáticos", alertou Hasselbjerg Christensen.
Em junho de 2019, uma fotografia impressionante do gelo derretido prematuramente no noroeste da Groenlândia deu a volta ao mundo.
É possível observar cães de trenó marchando com dificuldades sobre um fiorde, cujo gelo está coberto por dois ou seis centímetros de água. Diante das montanhas completamente sem neve, parecem caminhar sobre a água.
Segundo um estudo recente da Universidade de Lincoln (Reino Unido), espera-se que o degelo na Groenlândia contribua entre 10 a 12 cm no aumento do nível do mar para 2100.
Outros cientistas estimam que o derretimento da calota de gelo da Groenlândia é irremediável. De acordo com eles, continuaria a diminuir "até mesmo se o aquecimento global fosse parado hoje", já que as nevascas não compensam mais a perda de gelo.