Japoneses querem ser os primeiros a penetrar o manto da Terra
Os cientistas da Agência Japonesa de Ciência e Tecnologia Terrestre-Marítima planejam estudar a vida microbiana que existe dentro do nosso planeta
Marina Demartini
Publicado em 11 de abril de 2017 às 09h00.
Última atualização em 11 de abril de 2017 às 09h49.
São Paulo – Cientistas japoneses estão a caminho de conhecer um lugar muito mencionado nos livros de geografia, mas jamais explorado pelos seres humanos. Eles planejam ser o primeiro grupo a perfurar com sucesso o manto da Terra , a segunda camada do nosso planeta que fica entre o núcleo e a crosta terrestres. As informações são do site The Japan News.
A pesquisa preliminar será realizada pela Agência Japonesa de Ciência e Tecnologia Terrestre-Marítima (Jamstec) em setembro deste ano nas águas ao nordeste das ilhas do Havaí. A escolha pelo mar está relacionada ao fato de que a crosta oceânica é mais fina do que a continental. Além do Havaí, México e Costa Rica são as outras duas localizações candidatas à perfuração.
A crosta marítima do Havaí será a primeira a receber os pesquisadores pois a temperatura da área em torno da fronteira entre o manto e a crosta é relativamente baixa, de 150°C. Isso torna a perfuração e a observação mais fáceis. Contudo, a camada do local é um pouco mais profunda do que a dos outros lugares escolhidos.
A Jamstec pretende realizar as escavações do manto no início de 2020.O navioChikyu, construído em 2002 especialmente para esse tipo de missão, será usado para a perfuração.A sua broca terá que percorrer mais de quatro quilômetros de água e quase seis quilômetros da crosta terrestre para chegar ao manto.
O manto compõe mais de 80% do volume do nosso planeta . Ele é formado por rochas que se movimentam lentamente, o que afeta as placas tectônicas, a atividade vulcânica e a deriva dos continentes. Os pesquisadores esperam que a observação direta do local possa revelar a quantidade de água que o interior do planeta guarda e a sua dureza.
Com essas informações em mãos, os especialistas poderiam entender melhor como a Terra foi formada. Além disso, eles teriam a oportunidade de examinar mais a fundo a vida microbiana que existe no manto para saber como esses organismos sobrevivem dentro do nosso planeta.
De acordo com a agência japonesa, o que pode atrasar a pesquisa é o custo das operações. Ela estima que é preciso 60 bilhões de yen (540 milhões de dólares) para a realização de todo o estudo, desde as perfurações até as observações.