Ciência

Gestantes transmitem proteção de vacinas para bebês, diz estudo

Recém-nascidos testados tinham anticorpos contra a covid-19 depois que mães foram vacinadas com imunizantes da Pfizer e da Moderna

Vacinação de gestantes: dados mostram “níveis muito encorajadores de anticorpos no sangue do cordão umbilical” (SAULO ANGELO/FUTURA PRESS/Agência Estado)

Vacinação de gestantes: dados mostram “níveis muito encorajadores de anticorpos no sangue do cordão umbilical” (SAULO ANGELO/FUTURA PRESS/Agência Estado)

TL

Thiago Lavado

Publicado em 22 de setembro de 2021 às 18h38.

Gestantes imunizadas com vacinas de RNA mensageiro transmitem altos níveis de anticorpos para os bebês, segundo estudo publicado na quarta-feira no American Journal of Obstetrics & Gynecology - Maternal Fetal Medicine.

O estudo — um dos primeiros a medir os níveis de anticorpos no sangue do cordão umbilical para distinguir se a imunidade é resultante da infecção ou de vacinas — revelou que 36 recém-nascidos testados no nascimento tinham anticorpos contra a Covid-19 depois que as mães foram vacinadas com imunizantes da Pfizer-BioNTech ou da Moderna.

“Não prevíamos isso. Esperávamos mais variabilidade”, disse Ashley Roman, obstetra do NYU Langone Health System e coautora do estudo.

Os dados podem ajudar a incentivar a vacinação entre gestantes. Apenas 30% das gestantes de 18 a 49 anos estão vacinadas, de acordo com dados de 11 de setembro do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, apesar de evidências crescentes da segurança das vacinas no pré-natal. Devido à pequena amostra do estudo, a equipe agora analisa os resultados de um grupo maior, bem como a duração da imunização dos bebês após o nascimento.

“Divulgamos esses dados relativamente cedo porque é uma descoberta única e tem implicações importantes para o cuidado da saúde”, disse Roman. “No momento, recomendamos que todas as mulheres grávidas recebam a vacina para benefício materno.”

‘Muito encorajadores’

O próprio estudo da Pfizer e da BioNTech sobre como suas vacinas afetam grávidas e bebês foi adiado devido à lentidão no recrutamento de participantes, segundo artigo do Wall Street Journal publicado na quarta-feira, citando pesquisadores.

A Pfizer “interrompeu o recrutamento nos Estados Unidos por causa das recomendações que incentivam a vacinação de mulheres grávidas”, disse a farmacêutica em comunicado enviado por e-mail à Bloomberg. A empresa busca lugares em países que não aconselham a vacinação de grávidas para possíveis centros de estudo, segundo o comunicado.

Os pesquisadores estudaram o sangue do cordão umbilical de 36 mulheres com imunização completa em busca de anticorpos para a proteína spike, que aparece após a vacinação ou infecção por Covid, e para a proteína do nucleocapsídeo, que só está presente após o contágio. Estudos anteriores focaram em anticorpos para a proteína spike.

Entre as 36 amostras examinadas, 31 tiveram resultados negativos para anticorpos contra a proteína do nucleocapsídeo. Ou seja, 31 gestantes desenvolveram imunidade com a vacina. As outras cinco não foram testadas para proteína do nucleocapsídeo, por isso os pesquisadores não podem afirmar de forma conclusiva que a imunidade foi resultante da vacina ou de infecção natural.

Os dados mostram “níveis muito encorajadores de anticorpos no sangue do cordão umbilical”, disse Linda Eckert, professora de obstetrícia e ginecologia da Universidade de Washington, que não participou do estudo. “Esta é outra razão pela qual mulheres grávidas devem ser vacinadas, já que temos observado mais doenças em bebês mais jovens, e esta é uma escolha proativa que gestantes podem fazer para protegerem seus bebês.”

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