Ciência

Geleiras estão derretendo mais rápido do que nunca, mostram satélites

O estudo analisou 220.000 geleiras pelo mundo e concluiu que elas estão perdendo mais de 328 bilhões de toneladas de gelo e neve por ano

Geleiras: elas são responsáveis por 21% do aumento do nível do mar, de acordo com estudo (Josh Haner/The New York Times)

Geleiras: elas são responsáveis por 21% do aumento do nível do mar, de acordo com estudo (Josh Haner/The New York Times)

LP

Laura Pancini

Publicado em 29 de abril de 2021 às 13h19.

Última atualização em 29 de abril de 2021 às 13h36.

Cientistas analisaram as medições de satélite tridimensionais de todas as geleiras de montanha do mundo e chegaram à conclusão de que as geleiras estão derretendo mais rápido do que nunca, perdendo 31% mais neve e gelo por ano do que 15 anos atrás. A culpa, afirmam os pesquisadores, é da mudança climática causada pelo homem.

Utilizando 20 anos de dados de satélites, foi calculado que 220.000 geleiras de montanhas pelo mundo estão perdendo mais de 328 bilhões de toneladas de gelo e neve por ano desde 2015. O derretimento é suficiente para aumentar os níveis dos oceanos e hipoteticamente colocar a Suíça sob aproximadamente 7,2 metros de água a cada ano.

As informações são de um estudo divulgado nesta quarta-feira, 28, no periódico científico Nature. O estudo é o primeiro a usar imagens de satélite 3D para examinar todas as geleiras da Terra não conectadas às camadas de gelo da Groenlândia e da Antártica. Estudos mais antigos tinham grandes margens de erro, pois usavam estimativas ou analisavam apenas uma fração das geleiras.

Em comparação com os anos de 2015 a 2019, a taxa de derretimento anual é 78 bilhões de toneladas a mais por ano do que era de 2000 a 2004. Um dos autores do estudo e glaciologista, Romain Hugonnet, afirma que as taxas globais dobraram nos últimos 20 anos e que o derretimento quase uniforme "reflete o aumento global da temperatura" e é causado pela queima de carvão, petróleo e gás.

Hugonnet também conta que as taxas de derretimento do Alasca estão "entre as mais altas do planeta", com a geleira Columbia recuando cerca de 35 metros por ano. O estudo concluiu que todas as geleiras do mundo estão derretendo, com exceção de algumas na Islândia e na Escandinávia, que "se alimentam do aumento da precipitação".

Até as do Tibete, que são conhecidas por serem estáveis, estão derretendo. Algumas menores estão desaparecendo completamente. "Dez anos atrás, dizíamos que as geleiras são o indicador das mudanças climáticas, mas agora elas se tornaram um memorial da crise climática", disse Michael Zemp, diretor do Serviço Mundial de Monitoramento de Geleiras, que não fez parte do estudo .

O que isso significa para o mundo?

De acordo com Hugonnet, o derretimento das geleiras é um problema para milhões de pessoas que dependem do derretimento glacial sazonal (ou seja, um fenômeno natural) para água diária. Além disso, ele afirma que o encolhimento rápido pode levar a explosões mortais de lagos glaciais em países como a Índia.

A maior ameaça, com certeza, é o aumento do nível do mar. As geleiras são responsáveis por 21% do crescimento, de acordo com o estudo. Mantos de gelo, como alguns na Groenlândia e na Antártica que já estão influenciando os níveis do mar, são ameaças maiores a longo prazo, mas causam menos impacto imediato do que as geleiras.

"Está ficando cada vez mais claro que o aumento do nível do mar será um problema cada vez maior à medida que avançamos no século 21", disse Mark Serreze, diretor do National Snow and Ice Data Center.

Quais são os maiores desafios da ciência em 2021? Entenda assinando a EXAME.

Acompanhe tudo sobre:Aquecimento globalMudanças climáticasNeve

Mais de Ciência

Virgin Galactic estaria negociando missões de turismo espacial na Itália

12 animais que vivem mais tempo que qualquer ser humano (e um deles chega a 11 mil anos)

Como dormir em apenas 2 minutos? Conheça a técnica militar que está fazendo sucesso na internet

Cientistas acham cavernas ocultas no fundo do mar que podem abrigar seres desconhecidos à humanidade