Ciência

Farmacêuticas assinam acordo de US$ 180 milhões para desenvolver vacina contra variantes da covid

A vacina que será criada pelas companhias usará a tecnologia do RNA mensageiro (ou mRNA), como a da Pfizer/BioNTech e a da Moderna

Vacina: imunizante contra todas as variantes do vírus é essencial (Charles Platiau/Reuters)

Vacina: imunizante contra todas as variantes do vírus é essencial (Charles Platiau/Reuters)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 3 de fevereiro de 2021 às 16h23.

Última atualização em 3 de fevereiro de 2021 às 17h43.

A farmacêutica britânica GlaxoSmithKline e a alemã CureVac fecharam um acordo de 180 milhões de dólares (ou 132 milhões de libras esterlinas) para desenvolver uma nova geração de vacinas contra o novo coronavírus que sejam eficazes também contra as novas variantes e mutações que têm surgido. As duas companhias planejam trabalhar em conjunto para desenvolver um imunizante já para o ano que vem que pode "acabar com diversas variantes emergentes".

A vacina que será criada pelas companhias usará a tecnologia do RNA mensageiro (ou mRNA), como a da Pfizer/BioNTech e a da Moderna. O objetivo desse imunizante é ensinar as células humanas a produzir uma proteína inteira ou apenas pedaços dela para engatilhar uma resposta imune produzida por anticorpos. Antes da pandemia de covid-19, nenhuma vacina do tipo havia sido aprovada.

Segundo as duas companhias, o aumento das variantes no mundo que são mais resistentes às vacinas que estão sendo administradas, como a da África do Sul, significa que os cientistas precisam "acelerar seus esforços para produzir novas vacinas".

A meta é usar as vacinas de segunda geração para proteger as pessoas que não foram vacinadas ou para aumentar ainda mais a proteção daqueles que já foram imunizados, caso a imunização gerada pelas vacinas se dissipe ao longo do tempo. O programa de desenvolvimento será iniciado "imediatamente", segundo a GSK, e deve introduzir a vacina em 2022, dependendo da aprovação das agências regulatórias.

A colaboração também envolve a participação da GSK na produção da vacina CVnCoV de primeira geração da CureVac, ainda em fase 2b/3 de testes, e testará a habilidade do imunizante baseado em mRNA de gerar uma resposta imune robusta. De acordo com a GSK, a plataforma da CureVac permite a criação de imunizantes multivalentes "com uma resposta imune balanceada e uma dose baixa de mRNA".

O novo acordo prevê que a GSK será responsável por buscar a autorização para a próxima geração da vacina, exceto na Suíça, e terá direitos exclusivos para produzir, fabricar e comercializar o imunizante em quase todos os países do mundo, menos na Alemanha, na Áustria e na Suíça.

Para a CEO da GSK, Emma Walmsley, a próxima geração de vacinas será "crucial na batalha constante contra a covid-19". "Essa colaboração foi construída com base na nossa relação existente com a CureVac e significa que, juntos, vamos combinar nosso conhecimento científico sobre o mRNA e o desenvolvimento de vacinas para avançar e acelerar o desenvolvimento de novas candidatas contra a covid-19. Ao mesmo tempo, vamos apoiar a produção da vacina de primeira geração da CureVac", disse ela em um comunicado.

A GSK, maior fabricante de vacinas no mundo, vai ajudar na fabricação de 100 milhões de doses da vacina de primeira geração da CureVac, a CVnCoV, neste ano. A CureVac também tem trabalhado com a alemã Bayer para produzir mais de 300 milhões de doses de sua vacina — que não utiliza a tecnologia do mRNA e pode ser mantida em geladeiras comuns.

Produzir uma vacina que funcione contra as novas variantes do vírus se tornou essencial nos últimos meses, com o surgimento de novas mutações.

A eficácia da vacina da Johnson & Johnson, por exemplo, apresentou uma variação nos locais em que foi testada. Nos Estados Unidos, ela teve 72% de eficácia, 66% na América Latina e 57% na África do Sul — o que pode indicar que o imunizante não funciona tão bem contra as novas variantes.

Na tarde desta quinta-feira, 28, a americana Novavax também anunciou os resultados da eficácia de sua vacina (89,3%) e afirmou que ela não tem eficácia tão alta contra a cepa encontrada no país africano, aumentando a preocupação com as vacinas já aprovadas no mundo todo.

Isso não significa que as vacinas não funcionam, mas sim que elas precisarão ser atualizadas frequentemente — quase como a da gripe.

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