Kirill Dmitriev, CEO do Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF) (Mikhail MetzelTASS via/Getty Images)
O Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF), responsável pela produção e desenvolvimento da vacina Sputnik V, em coletiva feita nesta terça-feira, 27, se defendeu das alegações contra o imunizante feitas pela Anvisa ao negar a importação da vacina para o Brasil, na segunda-feira, 26.
Segundo CEO do Fundo, Kirill Dmitriev, a decisão foi enviesada por questões políticas. "Achamos que uma das explicações para a negativa da Anvisa é a influência americana", disse ele, levantando a hipótese de que Washington buscou orientar o Brasil em favor do veto da vacina russa.
Durante a fala, o CEO russo ainda afirmou que faltaram apontamentos baseados na ciência por parte da agência brasileira e que foram desprezados os dados favoráveis levantados por outros países. "Anvisa foi pouco profissional. Ela (agência) alega que foram encontrados vestígios do vírus na vacina, mas nós temos testes que mostram o contrário. Aplicamos um dos processos de purificação e filtragem do vírus mais avançados do mundo, ainda que ele torne a produção mais cara que boa parte dos imunizantes disponíveis".
Ele também destacou que a Sputnik já foi aprovada para uso em 61 países, tendo passado por importantes agências reguladoras. E que pesquisas do México e Argentina apontam a vacina russa como mais segura até mesmo que a da Pfizer. “Nossa vacina não possui os problemas de efeitos adversos como coágulos cerebrais que as outras vacinas estão registrando".
Por fim, deu o tom de que o Brasil é quem precisa correr atrás do imunizante, ainda que o fundo e o Instituto Gamaleya estejam disponíveis para prestar os esclarecimentos que a Anvisa precisar. “Acreditamos que os estados possam fazer pressão por uma decisão contrária, mas não vamos nos envolver".
Em sua decisão na noite de ontem, a Anvisa considerou haver falhas técnicas para liberar a importação da Sputnik V pelos Estados. Apontou ausência de dados essenciais para garantir a segurança do uso da vacina. E também relatou a falta de transparência e acesso às instalações onde foi desenvolvida a vacina russa. Um dos principais argumentos da Anvisa foi o de que dois adenovírus usados pela Sputnik V para gerar a imunidade no organismo poderiam ganhar capacidade de replicação, por consequência, causar uma infecção do vírus. Também foi ponderado que essa informação não foi levada em conta pelos países que aprovaram a vacina de maneira emergencial, pois tiveram pouco tempo para serem criteriosos.