Vacina brasileira: pesquisadores se reunem desde abril de 2020 para encontrar o imunizante ideal (Germano Lüders/Exame)
Tamires Vitorio
Publicado em 14 de janeiro de 2021 às 08h52.
Última atualização em 14 de janeiro de 2021 às 11h36.
A ciência mundial não parou de evoluir porque o Brasil investiu pouco nas pesquisas científicas locais. Enquanto outros países já têm vacinas contra o novo coronavírus aprovadas e sendo produzidas em larga escala, desenvolvidas por companhias locais, a ciência brasileira engatinha.
Não por falta de tentativas. Na edição da EXAME deste mês, o infectologista Jorge Elias Kalil Filho e sua equipe explicam os desafios de se desenvolver ciência em um país que investe cada vez menos na área. Desde abril de 2020, ele e mais de 40 profissionais multidisciplinares se reúnem quase que diariamente em um laboratório para desenvolver uma vacina em spray nasal, com o objetivo de barrar uma pandemia que já deixou mais de 92 milhões de doentes no mundo todo.
Além da falta de verba pública, o setor privado brasileiro também investe pouco em desenvolvimento científico. Para o economista Paulo Feldmann, professor associado na Faculdade de Economia e Administração da USP e pesquisador na Universidade Fudan, na China, o motivo é claro. "As empresas brasileiras não são grandes porque não investiram em inovação. Sem investimento em inovação, não se cresce. E por que nunca investiram em inovação? Porque não existe incentivo fiscal", afirma.
A vacina brasileira esbarra em problemas que vão desde a burocracia à cotação do dólar – que aumenta o custo dos componentes necessários para a produção de um imunizante, importados em sua maioria. Com a escassez, a ciência brasileira se torna obsoleta, pouco competitiva e lenta para combater períodos de crises como a pandemia do novo coronavírus.