EUA reduzirá nível de nicotina dos cigarros
A iniciativa pode ser anunciada ainda nesta terça, de acordo com o jornal The Washington Post, que cita uma fonte próxima ao tema
AFP
Publicado em 21 de junho de 2022 às 18h26.
Última atualização em 21 de junho de 2022 às 18h53.
O governo dos Estados Unidos está se preparando para exigir que os fabricantes de cigarros reduzam a nicotina a níveis não viciantes, informou a imprensa local nesta terça-feira (21).
A iniciativa pode ser anunciada já nesta terça, de acordo com o jornal The Washington Post, que cita uma fonte próxima ao tema.
A medida exigiria que a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) desenvolvesse e publicasse uma regulamentação, que poderia ser contestada pela indústria do tabaco, disse por sua vez The Wall Street Journal, o primeiro que noticiou o assunto.
A implementação da iniciativa levaria vários anos e poderia ser atrasada ou inviabilizada por litígios, ou revertida se um futuro governo decidir não seguir em frente por não simpatizar com seus objetivos.
A nicotina é a substância que leva milhões de pessoas a consumirem cigarros. Milhares de outros produtos químicos contidos no tabaco e sua fumaça são responsáveis por doenças como câncer, derrame, diabetes, doenças cardíacas e pulmonares, entre outras.
Embora o número de fumantes tenha diminuído ao longo dos anos, o tabaco é responsável por 480 mil mortes por ano nos Estados Unidos, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
Cerca de 13,7% dos adultos americanos são atualmente fumantes, de acordo com dados dos CDC. A redução do nível de nicotina nos cigarros é tema de debate entre as autoridades dos Estados Unidos há anos.
Em 2017, o então comissário da FDA, Scott Gottlieb, anunciou que queria avançar na questão e financiou um estudo publicado em 2018 no New England Journal of Medicine, que descobriu que "cigarros com nicotina reduzida (...) diminuíram a exposição e dependência" e "o número de cigarros fumados".
A indústria do tabaco rejeita essas descobertas, dizendo que, na realidade, as pessoas fumariam mais.
O presidente Joe Biden fez da luta contra o câncer uma peça central de sua agenda, e a política de redução da nicotina se encaixaria em seus objetivos a um custo mínimo.
O custo econômico do tabagismo chega a mais de US$ 300 bilhões por ano, segundo os CDC, incluindo mais de US$ 225 bilhões em assistência médica direta para adultos e mais de US$ 156 bilhões em perda de produtividade devido à morte prematura e à exposição ao fumo.