Covid-19: estudo aponta eficácia de duas vacinas contra variante de Manaus
Chamada de P1, a variante encontrada é uma das três cepas do vírus Sars-CoV-2 já identificadas e que teriam surgido no Brasil
Rodrigo Loureiro
Publicado em 18 de março de 2021 às 12h01.
Última atualização em 18 de março de 2021 às 12h26.
Duas vacinas contra o novo coronavírus apresentaram resultados satisfatórios para impedir a infecção do novo coronavírus a partir da cepa brasileira encontrada nas últimas semanas em Manaus. Os resultados, que fazem parte de um estudo preliminar e que ainda precisa ser publicado em revistas científicas, apontam a eficácia das vacinas da Pfizer e da AstraZeneca com a Universidade de Oxford.
Chamada de P1, a variante brasileira encontrada em Manaus é uma das três cepas que teriam surgido no Brasil e que preocupam autoridades de saúde do país. A boa notícia é que a mutação se mostrou menos resistente às vacinas do que a variante B.1351, por exemplo, que foi identificada na África do Sul e já está circulando em território brasileiro.
Inicialmente, a descoberta teria surpreendido até mesmo os próprios pesquisadores que esperavam que, assim como na variante sul-africana, as duas vacinas apresentassem resultados insatisfatórios já que as cepas são semelhantes. A diferença teria sido as alterações que a cepa brasileira sofreu fora da região que o vírus usa para se conectar às células humanas.
Para realizar a pesquisa, os cientistas isolaram fizeram a retirada de células infectadas com o vírus de um paciente brasileiro em Manaus. A variante foi isolada e cultivada em laboratório para que fossem observados os efeitos que as vacinas teriam no combate da infecção. Para isso, os cientistas adicionaram um soro munido de anticorpos e retirado do sangue de pacientes já vacinados contra a covid-19.
O soro foi capaz de neutralizar a variante de Manaus, mesmo que com uma capacidade reduzida em relação aos resultados obtidos com testes semelhantes realizados com outras cepas do coronavírus. Mesmo assim, os cientistas apontam que a redução da eficácia não foi tão relevante, pelo menos como no caso da variante da África do Sul.
Para o governo brasileiro essa é uma boa notícia. Na segunda-feira (15), o Ministério da Saúde confirmou a compra de 138 milhões de doses das vacinas da Pfizer e da Janssen. A expectativa é de que pelo menos 100 milhões de doses da vacina da Pfizer, produzida em conjunto com a BioNTech, sejam entregues entre abril e setembro.
O imunizante produzido pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, por sua vez, já havia tido sua eficácia comprovada em outro estudo interno realizado no começo de março. Dados preliminares do estudo indicam, até o momento, que não será necessário fazer adaptações à vacina para que ela proteja contra a variante de Manaus.
O Brasil está se transformando num dos principais celeiros para a criação de variantes do novo coronavírus. J á são três variantes do vírus Sars-CoV-2 identificadas no país. A última teve sua descoberta divulgada recentemente e já foi encontrada em pacientes de 39 municípios de cinco estados brasileiros: Rio de Janeiro, Amazonas, Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte.