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Com R$ 4 mi, Fiocruz vai liderar testes de remédios contra coronavírus

Drogas como a cloroquina serão testadas em pacientes que derem consentimento ao tratamento experimental

Coronavírus: imagens mostram vírus atacando células do corpo humano (Flickr/Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos/Divulgação)
CC

Clara Cerioni

Publicado em 27 de março de 2020 às 13h03.

Última atualização em 27 de março de 2020 às 14h01.

Com orçamento de 4 milhões de reais do Ministério da Saúde, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) irá liderar os testes feitos no Brasil de medicamentos contra o novo coronavírus , chamado Sars-CoV-2 e causador da doença covid-19. O estudo tem o objetivo de avaliar quais tratamentos são possíveis para a doença. Ainda não há uma vacina clinicamente aprovada contra a doença, nem evidências científicas suficientes para tratamentos de saúde comprovados que possam salvar vidas.

A Fiocruz será a parceira oficial da Organização Mundial da Saúde, que, inicialmente, fornecerá os medicamentos para os testes em pacientes contagiados pelo novo coronavírus. Para participar dos testes, as pessoas infectadas precisam ser pacientes graves, que requerem internação, e devem consentir explicitamente ao uso dos medicamentos, que carecem de evidências científicas de efetividade contra a doença.

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Os medicamentos utilizados serão a cloroquina e a hidroxicloroquina, usados contra malária, lúpus e artrite reumatoide. Além deles, serão testadas as drogas remdesivir, lopinavir, ritonavir e interferon.

Na Fiocruz, os estudos serão feitos no Centro Hospitalar, que está sendo construído no campus da Fundação, em Manguinhos (RJ). A unidade contará com 200 leitos exclusivos de tratamento intensivo e semi-intensivo para pacientes graves infectados pelo novo coronavírus. Dos leitos, 100 serão disponibilizados já no começo do estudo e outros 100 serão liberados em uma segunda etapa.

No total, o teste no Brasil será em 18 hospitais participantes, em 12 estados. São eles: São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Paraná, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Pernambuco, Amazonas, Bahia, Santa Catarina, Mato Grosso e Pará.

“A pandemia chegou a um país continental, extremamente desigual e em muitas áreas temos uma combinação de condições sociais desfavoráveis e alta densidade demográfica urbana, aglomeração. Fatores que são importantes de serem considerado nas estratégias”, declarou Nísia Trindade Lima, presidente da Fiocruz.

Para Valdiléia Veloso, diretora do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, que participará do estudo, ainda não há evidência científica relevante sobre as drogas que combatem a covid-19. “Fizemos um levantamento na base que registra ensaios clínicos e a maior parte inclui um número pequeno de pacientes. Com isso, há risco de os estudos não conseguirem responder quais medicamentos funcionam ou não. Nosso estudo será conduzido em diversos países — junto à OMS — para chegar a uma resposta mais rápida”, disse Veloso, em coletiva transmitida via internet nesta sexta-feira.

A projeção da Fiocruz é de que serão 1.200 pacientes participantes do estudo, combinando todos os centros de pesquisa do país. A inclusão será sequencial, na medida em que os pacientes que forem sendo internados e aceitarem participar, preenchendo critérios básicos, assinando um termo de consentimento. Ainda não há pacientes participando do estudo, o que a fundação espera que comece a acontecer “muito brevemente”.

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