Café filtrado pode ajudar a diminuir risco de diabetes, diz pesquisa
Pesquisadores apontam possível relação entre pacientes com risco de desenvolver diabetes tipo 2 e o consumo de café filtrado
Maria Eduarda Cury
Publicado em 21 de dezembro de 2019 às 09h00.
Última atualização em 21 de dezembro de 2019 às 10h00.
São Paulo - O modo você prepara o café pode ajudar a reduzir o risco de desenvolver diabetes tipo 2, de acordo com uma nova pesquisa feita pelas Universidades de Tecnologia de Chalmers e de Umeå, localizadas na Suécia . A doença , que afeta cerca de 14 milhões de brasileiros, segundo dados da Federação Internacional de Diabetes, dificulta a produção de insulina pelo pâncreas, necessária para o bom funcionamento do organismo humano.
O estudo procura diferenciar os efeitos que o café filtrado e o café fervido apresentam no tratamento de diabetes. Para isso, eles inseriram biomarcadores - moléculas específicas para medir o resultado dos testes realizados - na corrente sanguínea dos participantes do estudo. Os participantes que beberam de duas a três xícaras por dia de café filtrado apresentaram um risco 60% menor do que os disseram ingerir menos de uma xícara inteira de café filtrado diariamente.
Para diferenciar os resultados do café fervido e do filtrado, os pesquisadores utilizaram uma técnica chamada metabolômica, que identifica a concentração sanguínea de moléculas específicas - biomarcadores - em um alimento ou bebida. Lin Shi, pesquisador e principal autor do estudo, informou, em nota, que a obtenção de informações por esse método é mais precisa do que os métodos tradicionais: "A metabolização é uma ferramenta fantástica, não apenas para capturar a ingestão de alimentos e bebidas específicos, mas também para estudar os efeitos que essa ingestão tem no metabolismo das pessoas. Podemos obter informações importantes sobre os mecanismos por trás de como certos alimentos influenciam o risco de doença", disse Shi.
O café fervido não apresentou um efeito relevante sobre o desenvolvimento de diabetes no organismo humano. Rikard Landberg, professor de ciência de alimentos da Chalmers e um dos pesquisadores envolvidos no estudo, informou que filtrar o café é a melhor maneira de tentar retardar o desenvolvimento: "Mas foi demonstrado que, quando você filtra o café, os diterpenos são capturados no filtro.
Como os dados utilizados no estudo foram coletados nos anos 90 em locais como os Estados Unidos e a Escandinávia, onde o café filtrado é o mais comum, o estudo não investigou os efeitos do café instantâneo e do expresso, entre outros, no organismo.
No entanto, Landberg acredita que os efeitos apresentados pelos cafés preparados dessas maneiras são semelhantes aos do café fervido. Os pesquisadores apontaram, no entanto, que é importante levar em conta a forma pela qual os grãos de café, e a bebida em si, são gerenciados até chegarem para o consumidor.