Visão de satélite Gaia da Via Láctea e galáxias próximas (AFP/AFP)
Publicado em 21 de novembro de 2024 às 17h18.
Última atualização em 21 de novembro de 2024 às 17h34.
Uma equipe de astrônomos liderada por Keiichi Ohnaka, da Universidade Andrés Bello, no Chile, conseguiu capturar pela primeira vez uma imagem ampliada de uma estrela em processo de morte em uma galáxia além da Via Láctea.
A estrela, conhecida como WOH G64, está situada na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia satélite da nossa. Com cerca de 2.000 vezes o tamanho do Sol, ela é classificada como uma gigante vermelha.
Utilizando o instrumento Gravity do interferômetro do Very Large Telescope (VLTI) do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês), a equipe observou um casulo de gás e poeira ao redor da estrela, indicando os estágios finais antes de uma explosão de supernova.
“Descobrimos um casulo em forma de ovo muito próximo da estrela”, relatou Ohnaka, autor principal do estudo publicado na revista Astronomy & Astrophysics. “Essa formação pode estar relacionada à ejeção drástica de material antes da explosão.”
Segundo o estudo, a WOH G64 apresentou um escurecimento significativo nos últimos 10 anos. “É raro testemunhar mudanças tão expressivas em tempo real na vida de uma estrela”, afirmou Gerd Weigelt, coautor e professor do Instituto Max Planck de Radioastronomia, na Alemanha.
Esse escurecimento e a forma inesperada do casulo podem estar ligados à perda de camadas externas de gás e poeira pela estrela, um processo comum nas gigantes vermelhas em seus estágios finais. Jacco van Loon, diretor do Observatório Keele, no Reino Unido, que acompanha a WOH G64 desde os anos 1990, destacou que “qualquer mudança drástica pode aproximar a estrela de seu fim explosivo.”
Embora o escurecimento da WOH G64 torne mais difícil observá-la de perto, o VLTI está sendo atualizado com o projeto GRAVITY+, que promete aumentar a sensibilidade do telescópio. “Observações de acompanhamento serão essenciais para entendermos o que está acontecendo com a estrela”, concluiu Ohnaka.
A pesquisa reforça a capacidade do VLTI de combinar luz de múltiplos telescópios, criando imagens detalhadas de objetos cósmicos distantes. O avanço representa um marco na astronomia, permitindo o estudo de estrelas em galáxias além da nossa com maior precisão e detalhamento.