Alemanha recua e diz que vacina de Oxford não tem só 8% de eficácia em idosos
Segundo o governo alemão, "é provável que o jornal que noticiou o fato tenha misturado os dados". Baixa eficácia pode ser apenas um mal-entendido
Tamires Vitorio
Publicado em 26 de janeiro de 2021 às 10h04.
Última atualização em 26 de janeiro de 2021 às 10h52.
Nesta terça-feira, 26, o ministro da saúde da Alemanha afirmou que não é possível confirmar que a eficácia da vacina desenvolvida pela universidade britânica de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca contra o novo coronavírus é de apenas 8% em idosos.
Segundo o governo alemão, "é provável que o jornal que noticiou o fato tenha misturado os dados" e que de "cerca de 8% dos voluntários testados no estudo tinham entre 56 e 69 anos de idade". "Não se pode deduzir de que a eficácia da vacina é de apenas 8% em pessoas mais velhas por conta disso", disse o ministério em um comunicado.
Em seguida, o ministro afirmou que os estudos sobre a vacina estão sendo avaliados. "É sabido desde o outono que os estudos da AstraZeneca usaram uma base menor de pessoas mais velhas do que outros produtores", disse.
No Brasil, a vacina de Oxford será aplicada a partir de uma parceria com a Fundação Oswaldo Cruz . A vacina já foi aprovada para ser usada no país, e a Anvisa confirmou a eficácia global do imunizante em 70,42%, validando estudo publicado no início de dezembro pela revista científica The Lancet.
As dúvidas sobre a eficácia da vacina surgiram na tarde desta segunda-feira, 25, quando o jornal alemão Handelsblatt publicou uma reportagem na qual afirmava que a vacina tinha baixa eficácia em idosos – um dos grupos de risco da covid-19. A informação não havia sido publicada em nenhum estudo científico ou fora confirmada por autoridades da universidade.
Em nota, a AstraZeneca afirmou que os dados divulgados pelo jornal estavam incorretos.
"Referente às informações divulgadas de que a eficácia da vacina AstraZeneca/Oxford é baixa (8%) em adultos com mais de 65 anos, os dados estão completamente incorretos. No Reino Unido, o JCVI (Joint Committee on Vaccination and Imunization), um comitê consultivo de especialistas independentes que assessora os departamentos de saúde do Reino Unido sobre imunização, apoiou o uso nesta população e o órgão regulador de saúde do Reino Unido (MHRA - The Medicines and Healthcare products Regulatory Agency) incluiu este grupo sem ajuste de dose na autorização para o fornecimento de uso emergencial", disse. "Em novembro, publicamos dados na revista científica The Lancet demonstrando que adultos mais velhos mostraram fortes respostas imunológicas à vacina, com 100% dos adultos mais velhos gerando anticorpos específicos após a segunda dose", concluiu.
A informação que balançou a vida das pessoas ontem pode ter se tratado de um mal-entendido.
Os tipos de vacina disponíveis
Alguns tipos de vacina têm sido testados para a luta contra o vírus. Uma delas é a de vírus inativado, que consiste em uma fabricação menos forte em termos de resposta imunológica, uma vez que nosso sistema imune responde melhor ao vírus ativo. Por isso, vacinas do tipo têm um tempo de duração um pouco menor do que o restante e, geralmente, uma pessoa que recebe essa proteção precisa de outras doses para se tornar realmente imune às doenças. É o caso da Vacina Tríplice (DPT), contra difteria, coqueluche e tétano. A vacina da Sinovac, por exemplo, segue esse padrão.
Outro tipo de vacina é a de Oxford, feita com base em adenovírus de chimpanzés (grupo de vírus que causam problemas respiratórios), e contendo espículas do novo coronavírus.
As outras vacinas aprovadas são baseadas em espículas, mas apresentadas em forma de RNA mensageiro, como as da Pfizer e da Moderna.
As fases para a aprovação de uma vacina
Para uma vacina ser aprovada, ela precisa passar por diversas fases de testes clínicos prévios e em humanos. Primeiro, ela passa por fases pré-clínicos, que incluem testes em animais como ratos ou macacos para identificar se a proteção produz resposta imunológica.
A fase 1 é a inicial, quando os laboratórios tentam comprovar a segurança de seus medicamentos em seres humanos; a fase 2 tenta estabelecer de a vacina ou o remédio produz imunidade contra um vírus.
Já a fase 3 é a última do estudo e procura demonstrar a eficácia da imunização.
Uma vacina é finalmente disponibilizada para a população quando a fase 3 é finalizada e a proteção recebe um registro sanitário.