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Vinhos do futuro? Saiba como algumas marcas ambicionam rejuvenescer o setor  

Com rótulos para tomar com gelo e embalagens mais práticas, marcas como Vivant e Fabenne querem cair nas graças dos consumidores mais jovens  

Vivant aposta nos vinhos em lata (Divulgação/Divulgação)

Vivant aposta nos vinhos em lata (Divulgação/Divulgação)

DS

Daniel Salles

Publicado em 12 de março de 2021 às 14h00.

Última atualização em 12 de março de 2021 às 14h54.

É compreensível o apego de tantos viticultores às garrafas de vidro, com as quais muitos não economizam. São destinadas, afinal, a bebidas que não raro demoram um punhado de anos para ficar prontas — sem contar o tempo que os vinhedos levam para crescer e dar bons frutos. Por outro lado, uma senhora embalagem pode levar os consumidores a associar o produto só a ocasiões especiais — e não ao dia a dia. Não é o caso dos vinhos em lata, nos quais inúmeras marcas passaram a apostar nos últimos anos — para o horror de quem não admite rótulos que custam menos de três dígitos.

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Fundada em 2018, a marca nacional Vivant dispõe de um rosé, de um tinto, de um branco e dois frisantes — a produção fica com a Vinícola Quinta Don Bonifácio, sediada em Caxias do Sul (RS). As latinhas, de 269 mililitros, custam a partir de 14 reais e têm feito sucesso. No ano passado, a marca recebeu um aporte de 5 milhões de reais e fechou um acordo de distribuição com o Pão de Açúcar. O foco, como é de imaginar, são os consumidores mais jovens.

É o mesmo da Fabenne, outra jovem companhia brasileira. Essa vende seus vinhos em caixas eco-friendly, de 3 litros, que custam 99 reais. Depois de abertas, mantêm a bebida conservada por até 30 dias. A companhia faturou 4 milhões de reais no ano passado e a previsão para 2021 é quadruplicar o resultado. Uma das apostas da Evino para rejuvenescer o setor é o rosé Vivid (89,80 reais), o segundo vinho próprio do e-commerce. Lançado em novembro passado, é feito para tomar com uma pedra de gelo. Jovens...

Sabor de 2020
Conheça alguns dos rótulos já à venda da safra brasileira do ano passado, tida como a melhor dos últimos anos

Salton
Para a vinícola gaúcha 2020 foi um grande ano. Ela chegou ao fim dele com 400 milhões de reais em vendas, o que representa um crescimento de 6,4% em relação a 2019, e uma das melhores safras de sua história. Que, convém lembrar, foi iniciada em 25 de agosto de 1910. Foi quando Paulo Salton (1886-1943) formalizou o negócio herdado pelo pai, um imigrante italiano radicado na Colônia Dona Isabel, no Rio Grande do Sul, chamada de Bento Gonçalves desde 1890. O negócio era uma casa de pasto, uma espécie de taberna na qual a família servia receitas como nhoque de pinhão e vendia queijos, embutidos e o vinho fabricado por ela.

A excepcional qualidade da safra de 2020 se deve à pouca quantidade de chuva na região e aos dias muitos quentes, em geral sem nenhuma nuvem no céu. “Nos últimos dez anos não houve safra melhor”, sustenta Gregório Salton, um dos herdeiros, hoje à frente da equipe de enologia da vinícola.

Dos vinhos feitos apenas com uvas de 2020, dois já estão à venda, o rosé Intenso (45 reais), elaborado com uvas merlot, e o chardonnay da mesma linha (45 reais). Também carregam frutos do ano passado, mas misturados a outros, mais antigos, os novos espumantes da família Ouro, composta por um brut, um rosé e um extra brut (60 reais cada um). Já as safras de 2020 dos tintos mais sofisticados da Salton, como Desejo, Intenso e Gerações, elaborados só em anos fora de série, devem chegar ao mercado por volta de 2024, depois de um indispensável descanso em barris e garrafas.

Barris de bebidas da Salton

Barris de bebidas da Salton (Fabiano Mazzotti/Salton/Divulgação)

Cão Perdigueiro
Para quem não conhece, é uma espécie de vinícola cigana, já que ela produz seus vinhos nas instalações de outras, sobretudo das situadas na Serra Gaúcha — as uvas são arrematadas de produtores diversos. Quem a criou, em 2017, foi o sommelier Arlindo Menoncin, radicado em Porto Alegre. “Comecei a produzir meu próprio vinho apenas para consumo da família”, conta ele, que, no entanto, acabou cedendo à pressão dos amigos para transformar o hobby em negócio. “As 900 e poucas garrafas do primeiro cabernet sauvignon, que ficou excepcional, deveriam durar uns cincos anos, mas foram vendidas em seis meses”.

Três dos rótulos da safra de 2020 estão praticamente esgotados, o Merlot Noveau (129,90 reais), o rosé elaborado com uvas hebermont (114,90) e o sauvignon blanc (129,90 reais). Pudera: somando os três, foram produzidas pouco mais de 1.400 garrafas. Do Cão Perdigueiro Trebbiano mais recente, no entanto, Menoncin elaborou cerca de 900 unidades (114,90 reais cada uma). Os demais vinhos de 2020 facilmente encontrados são o rosé Fragolino (100 reais), feito com uvas Isabel; o laranja peverella (144,90 reais); e um riesling imperdível (189 reais).

Sede da Miolo, em Bento Gonçalves (RS) (Divulgação/Divulgação)

Miolo
Fundado em 1987, o grupo Miolo considera a safra de 2020 tão boa como a de 2018. Deve-se ao fato de que suas quatro vinícolas se encontram em diferentes regiões. Três situam-se no Rio Grande do Sul — a Miolo no Vale dos Vinhedos, a Seival na Campanha Meridional e a Almadén na Campanha Central. A Terranova, a quarta vinícola, fica no Vale do São Francisco, na Bahia. Tudo somado, os vinhedos do grupo, que produz 10 milhões de litros por ano, se espalham por mil hectares. “O ano passado foi mais homogêneo, mas, levando em conta todas as nossas propriedades, 2018 também foi excelente”, diz Adriano Miolo, diretor-superintendente, enólogo e um dos donos do grupo. 

Elaborado com leveduras selvagens, o Wild Gamay Nouveau, um dos primeiros rótulos de 2020 da Miolo, já está esgotado. Do ano passado, no entanto, encontram-se à venda tanto o pinot grigio quanto o sauvignon blanc da linha Reserva (64,52 reais cada um). As safras 2020 de três dos melhores vinho da vinícola chegam ao mercado no segundo semestre. Falamos do Vinhas Velhas, um tannat; do Lote 43, um blend de merlot e cabernet sauvignon; e do Sesmarias, que une uvas tempranillo, petit verdot, touriga nacional, tannat, merlot e cabernet sauvignon (preços não definidos). “São vinhos que ainda não estarão no auge, mas que já poderão ser consumidos”, explica Adriano, recomendando mais uns anos de espera.

Salton Ouro Brut Rosé Desenvolvido pelo método charmat, levas uvas pinot noir e chardonnay de diferentes safras. R$ 60, selecaoadega.com.br

Cão Perdigueiro Fragolino 2020 Este rosé, cujo dulçor remete ao morango, é produzido na Serra Gaúcha com a uva Isabel. R$ 100, cavedibaco.com.br

Miolo Reserva Sauvignon Blanc Elaborado na região da Campanha Meridional, no Rio Grande do Sul, não passa por barrica e tem potencial de guarda de dois anos. R$ 64,52, loja.miolo.com.br

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