Um fone de ouvido que custa R$ 285 mil? Conheça a marca alemã Sennheiser
A marca de um dos fones mais caros do mundo acaba de inaugurar na Vila Madalena, em São Paulo, a sua primeira loja fora da Europa
Ivan Padilla
Publicado em 17 de agosto de 2022 às 13h23.
Última atualização em 17 de agosto de 2022 às 14h27.
A Sennheiser não é uma marca de fone de ouvidos badalada como a Beats by Dre, interativa como o AirPod ou popular como a JBL. Bem ao estilo germânico, a fabricante de Hannover é bastante discreta, mas goza de enorme credibilidade junto aos profissionais de áudio.
A marca caiu no gosto de quem entende, músicos como Wesley Safadão, Ludmilla, Simone & Simaria no Brasil, e Anitta, Adele, Beyoncé, Robbie Willians, Justin Bieber no mercado internacional. A Sennheiser atuava aqui por meio de representantes. Agora, acaba de abrir sua primeira loja no Brasil, a primeira fora da Europa.
O ponto fica no badalado bairro da Vila Madalena, em São Paulo, bem próximo à Teodoro Sampaio, rua conhecida pelas lojas de instrumentos musicais. Nos displays no centro da loja estão os modelos de linha, que variam em média entre R$ 1 mil e R$ 3 mil. As peças de entrada começam em cerca de 300 reais e os topo de linha passam de R$ 10 mil, caso do modelo HD 800 S.
“Nossos fones da linha high-end podem chegar a R$ 15 mil e ainda necessitam de um amplificador, que custa cerca de R$ 12 mil”, diz Daniel Reis, sócio da Sennheiser no Brasil. “Estamos falando de um produto premium e que merece um atendimento no mesmo padrão.”
Preço de uma BMW X2
Se você achou caro, prepare-se. No escritório da marca, que fica em um prédio na mesma rua da loja, está guardado seu maior tesouro, um fone de ouvido modelo HE 1. O diferencial começa no preço: € 55 mil, o que equivale hoje a R$ 285 mil. Uma cifra que o coloca com folga no pódio dos fones mais caros do mundo.
Para comparar com outro produto alemão, é o mesmo preço de uma BMW X2 zero-quilômetro. O HE 1 tem um amplificador feito em um fechamento de vidro e um bloco sólido de mármore Carrara. É composto de um fone eletrostático, um amplificador com conversor DAC e um controle remoto. Segundo o fabricante, o módulo imune a vibrações traz topologia patenteada, com dinâmica e musicalidade de amplificadores transistorizado e valvulado.
Se você não é técnico de som, essas palavras podem não significar muito. Vou tentar dar exemplos da pureza alcançada pelo modelo, em que a espacialidade fica muito evidente. Cada instrumento, cada vocal vem de um lugar diferente. Sem exagero, ouvir uma música conhecida no HE 1 é como apreciá-la pela primeira vez.
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Fones de ouvido com cancelamento de ruído valem a pena?
Com os caríssimos fones nos meus ouvidos, pude ouvir passos no chão, pigarros e até uma leve tosse nos acordes iniciais de Wish You Were Here, do Pink Floyd. Também notei um chocalho suave que acompanha suavemente o hit Beat It, do Michael Jackson. E quase entrei em transe com as batidas potentes de Seven Nation Army, do White Stripes.
É outra categoria de som, condizente talvez com o conjunto de amplificador e fones de ouvido formado por 6 mil componentes que levam até 400 horas para serem montados. Os quatro canais em paralelo para cada lado estéreo melhoram a percepção de sutilezas e diminuem sensivelmente os níveis de distorção.
O HE 1 precisa ser conectado a alguma entrada de som por um cabo OFC banhado a prata, de maior condutividade. O design é curioso. Todo o conjunto fica fechado, uma caixa sólida em cima do tampo de mármore. Ao ligar o amplificador, as válvulas se elevam lentamente na superfície, enquanto a tampa de vidro se abre para revelar o fone e botões de alumínio no painel frontal. É um simbólico convite futurista para uma viagem para dimensões desconhecidas.
Do Concorde à música eletrônica
A loja da Vila Madalena apresenta em painéis nas paredes a história da marca, fundada no mesmo ano do fim da Segunda Guerra Mundial, em uma casa destruída pelos bombardeios aliados na cidade de Hannover.
O fundador foi um engenheiro chamado Fritz Sennheiser. A marca ainda é propriedade familiar. A ausência de acionistas na companhia ajuda a explicar experimentações dispendiosas, como o próprio HE 1. Apesar do valor automobilístico cobrado pelo do fone, o desenvolvimento e produção geram prejuízo.
Entre os itens em exposição na loja de São Paulo está o icônico HD 414, primeiro fone de ouvido aberto do mundo famoso por suas espumas amarelas, dos anos 1960. Também está lá um HD 25, um clássico desenvolvido especialmente para passageiros do Concorde, o avião mais rápido do mundo, e que virou queridinho do universo da música eletrônica
É possível, e também estimulado, que o visitante teste na loja cada aparelho, de todos os tipos, sem fio, intra-auriculares, circum-auriculares, com cancelamento de ruído. Se tiver oportunidade, teste o HE 1. Vai ser difícil querer tirar o fone do ouvido.