Peppa Pig é censurada na internet e acusada de "subversão" na China
Vários meios de comunicação estatais criticaram o "vício" do público infantil e a transformação da personagem num ícone "subversivo" da juventude ociosa
AFP
Publicado em 1 de maio de 2018 às 12h21.
Uma plataforma chinesa de internet censurou o desenho animado britânico "Peppa Pig", enquanto vários meios de comunicação estatais criticaram o "vício" do público infantil e a transformação da personagem num ícone "subversivo" da juventude ociosa.
Pelo menos 30.000 episódios de "Peppa Pig", cuja heroína é uma porquinha rosa travessa, foram retirados da popular plataforma de vídeo Douyin, e a hastag #PeppaPig foi proibida, informou na segunda-feira o jornal oficial Global Times.
De acordo com um documento citado pelo jornal, o desenho da BBC faz parte de uma lista de conteúdos censurados pela Douyin.
"Peppa Pig", que chegou à China nos anos 2000, tornou-se tremendamente popular graças aos capítulos dublados em mandarim.
A febre cresceu no final de 2017 entre um público de jovens adultos, com a multiplicação de selfies de internautas - incluindo algumas estrelas - com adesivos da Peppa Pig. Objetos derivados da série, como xícaras, relógios ou roupas, também fizeram sucesso.
O Diário do Povo, porta-voz do Partido Comunista no poder, denunciou na semana passado os efeitos perversos de uma "comercialização" de Peppa Pig, que as estrelas da rede mostram até a saciedade.
O Global Times também se referiu a esse "vício" das crianças, que leva algumas a "rosnar e pular em poças d'água".
Outro lado obscuro do sucesso de Peppa Pig: a disseminação de episódios falsos, memes e paródias de humor negro ou diretamente pornográficas, denunciou o Global Times em janeiro.
O mesmo jornal insistiu nessa ideia na segunda-feira, dizendo que a porquinha inocente "tornou-se um ícone da subcultura de uma juventude muitas vezes mal educada, sem trabalho estável e ociosa".
Peppa Pig "tomou um rumo subversivo e sua popularidade viral ilustra uma sede de novidade e sátira que pode prejudicar a moral da sociedade", aponta o Global Times.