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Os cafés franceses, tão tradicionais quanto a baguete, reabriram hoje

Restaurantes e museus também voltam a funcionar normalmente; em Paris, a retomada após o isolamento do coronavírus ainda terá restrições

Cafés reabrem em Paris: os salões internos dos cafés e dos restaurantes continuarão fechados (Christian Hartmann/Reuters)

Ivan Padilla

Publicado em 2 de junho de 2020 às 07h07.

Última atualização em 2 de junho de 2020 às 19h35.

Assim como a baguete e os cigarros Gitanes, os cafés são uma instituição da França . Nas pequenas mesas nas calçadas, coladas umas às outras, os moradores locais encontram os amigos, leem o jornal ou apenas veem a vida passar, tomando uma taça de Bordeaux ou um Grand Marnier – e nem sempre um café.

O conceito de café francês, cabe lembrar, é bem diferente ao de uma cafeteria tradicional. Seria algo entre um bar e um bistrô. Um dos cafés mais famosos de Paris é o Café de Flore, em Saint Germain des Prés, frequentado por Jean-Paul Sarte e Simone de Beauvoir – isso quando eles não atravessavam a rua até o Le Deux Magots, o preferido de Albert Camus e de Pablo Picasso.

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Aberto em 1862 e declarado local histórico pelo governo francês, o Café de La Paix é uma atração quase tão importante quanto a vizinha Opera Garnier. Já o Café de Deux Molins, em Montmartre, ficou famoso por um motivo bem mais pop: lá foi filmado O Fabuloso Destino de Amélie Poulin.

Pois a partir de hoje, terça-feira 2, os franceses terão de volta os seus tradicionais cafés, assim como os restaurantes e os museus. Isso depois de o governo finalmente ter aprovado a reabertura desses estabelecimentos, depois de dois meses e meio fechados devido à pandemia do coronavírus.

A maior parte da França foi incluída na zona verde de reabertura. Isso quer dizer que os restaurantes estarão abertos, mas com redução de ocupação. Nos museus, haverá restrição de circulação em algumas salas.

Apenas Paris e alguns territórios ultramarinos estão na fase laranja. Isso significa que, por lá, os salões internos dos cafés e dos restaurantes continuarão fechados. O jeito, então, será acomodar-se do lado de fora. A prefeitura autorizou o aumento do número de mesas nas calçadas e o uso das vagas de estacionamento nas ruas em frente.

Alguns endereços clássicos da capital francesa, como a Rue Lepic, em Montmartre, ou a Place des Vosges, no Marais, continuarão com restrição de circulação de automóveis. Reuniões com mais de dez pessoas seguirão proibidas até o dia 21 de junho, a princípio, assim como o uso de máscaras.

Na semana passada os parques públicos e os centros comerciais, como a famosa Galeries Lafayette, em Paris, já estavam abertos, com limitação no número de clientes e distribuição de álcool em gel na entrada.

A abertura na França teve início no último dia 11 de maio. De lá para cá foram registrados 109 focos de infecção, mas nenhum representou em propagação da epidemia, segundo a agência de saúde pública. Até ontem, haviam sido contabilizados no país 185.616 casos e 28.748 mortes por covid-19, segundo dados da Universidade Johns Hopkins.

A crise decorrente da pandemia fez o PIB francês retroceder 5,3% no primeiro trimestre. Já o desemprego aumentou 22% somente em abril. Em meio a tantas notícias ruins, a reocupação dos tradicionais cafés, junto com um tempo surpreendentemente agradável nos últimos dias na capital francesa, pode significar o sinal de novos tempos.

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