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“O Casamento de May” retrata com mão leve choques culturais

Filme de Cherien Dabis retrata o casamento de uma palestina de origem cristã com um noivo muçulmano

Reprodução do cartaz do filme “O Casamento de May”, de Cherien Dabis (Reprodução/Cartaz)

Reprodução do cartaz do filme “O Casamento de May”, de Cherien Dabis (Reprodução/Cartaz)

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Da Redação

Publicado em 13 de agosto de 2014 às 17h38.

São Paulo - Quando começa a comédia dramática O Casamento de May, de Cherien Dabis, pode-se à primeira vista imaginar que o filme abordará um conflito religioso.

Afinal, a protagonista (também Cherien), uma palestina de origem cristã, vai se casar com um noivo muçulmano, na Jordânia natal de ambos, embora sejam os dois radicados nos Estados Unidos.

Mas quanto mais avança a história, que tem roteiro de sua diretora e atriz, mais se afasta desta intenção, aproximando-se de uma discussão das relações familiares e da condição feminina neste contexto que aspira a ser universal – embora dedique espaço também a conflitos interculturais.

Para tanto, a diretora, uma norte-americana de origem palestino-jordaniana, aqui em seu segundo longa (o primeiro foi Amreeka, 2009), conta com um elenco especialmente dotado, encabeçado pela atriz palestino-israelense Hiam Abbass (Lemon Tree) – no papel de Nadine, a teimosa mãe da noiva, que se nega a assistir ao casamento da filha fora de sua religião.

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Há outro imbróglio pendente na vida de Nadine, há oito anos separada do marido norte-americano, Edward (Bill Pullman), que se casou de novo com uma mulher bem mais jovem, Anu (Ritu Singh Pande).

Pior do que o divórcio, que a ex- não aceita, é que ele foi um pai distante das três filhas, May (Cherien), Yasmine (Nadine Malouf) e Dalia (Alia Shawkat, de A Filha do Meu Melhor Amigo).

Na cumplicidade destas três irmãs é que o filme mostra maior desenvoltura e simpatia, evidenciando os desejos, hesitações, temores e conflitos do trio, que tem uma identidade cultural mesclada entre dois mundos.

As melhores frases cabem a Dalia, ironizando o fanatismo religioso da mãe.

Nem por ser um filme marcadamente feminino, em que a matriarca, no devido tempo, mostrará um outro lado, os homens são satanizados.

Há um esforço da diretora/roteirista em matizar as figuras masculinas, mesmo a do pai relapso, evitando apresentá-lo como um real vilão.

Outros homens, como o noivo (Alexander Siddig) e um estranho que ajuda May, Karim (Elie Mitri), são igualmente impregnados de nuances positivas.

Nota-se na diretora uma intenção sutil de apresentar este pedaço do mundo sob um viés menos carregado, especialmente ao retratar o relacionamento entre homens e mulheres.

As cafajestadas não são nem mais nem menos do que as que se poderia esperar em qualquer outro lugar nas mesmas situações – exceto, talvez, nas cenas do jogging de May na rua, que são recebidas por olhares e manifestações um tanto fortes, de um ponto de vista ocidental.

No geral, o filme transmite a autoridade de quem tem um olhar de dentro plantado no Oriente Médio, que fala pouco de política mas não a ignora ao mesmo tempo que procura manter mão leve no tom.

Tal como Amreeka, O Casamento de May também foi exibido no Festival de Sundance.

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