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Nobel de Literatura é suspenso neste ano após escândalo de abusos sexuais

O escândalo explodiu após denúncia de 18 mulheres por humilhações sexuais de membros ligados à categoria do prêmio da academia

Nobel: a medida implica que o próximo ano serão concedidos dois prêmios, o correspondente a 2018 e o de 2019 (AnikaSalsera/Thinkstock)
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EFE

Publicado em 4 de maio de 2018 às 06h47.

Última atualização em 4 de maio de 2018 às 06h48.

Copenhague - A Academia Sueca informou nesta sexta-feira que este ano não será concedido o Prêmio Nobel de Literatura e que a decisão foi adiada para 2019, pelo escândalo de vazamentos e supostos abusos sexuais que a colocaram em uma crise histórica.

O que motivou a decisão da academia, algo que não acontecia há sete décadas, foi a perda de "confiança" do mundo exterior na instituição e seu próprio "enfraquecimento", após a renúncia de oito dos seus 18 membros, dois a menos dos necessários para a tomada de decisões.

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A medida implica que o próximo ano serão concedidos dois prêmios, o correspondente a 2018 e o de 2019.

Embora o processo de seleção de candidatos para o Nobel de Literatura deste ano tenha ocorrido normalmente, "é necessário que a Academia tenha tempo para recuperar sua força plena, envolver um número maior de membros ativos e restaurar a confiança nela antes de escolher um novo vencedor".

Os dez membros restantes da instituição, que ontem realizaram uma reunião para discutir a questão, concordam com a necessidade de desenvolver um novo quadro, uma tarefa que já está em andamento e que inclui modernizar os estatutos e as rotinas sobre parcialidade e reforçar a confidencialidade.

O secretário provisório da Academia Sueca, Anders Olsson, ressaltou no comunicado divulgado hoje que a crise atual implica "altas exigências para um trabalho de mudança a longo prazo e contundente".

A Fundação Nobel apoiou a resolução da academia, cuja crise afetou "de forma negativa" ao prêmio, e ressaltou que não afetará os outro cinco prêmios Nobel.

O escândalo explodiu em novembro, quando o jornal sueco "Dagens Nyheter" publicou a denúncia anônima de 18 mulheres por abusos e humilhações sexuais contra o artista Jean-Claude Arnault, intimamente ligado à academia através do seu clube literário e marido de uma dos seus membros, Katarina Frostenson.

A academia cortou relações com Arnault e encomendou uma auditoria sobre sua ligação com a instituição, mas divergências internas sobre as medidas a serem tomadas provocaram renúncias, acusações e as saídas, entre outras, da secretária, Sara Danius, e de Katarina Frostenson.

Há duas semanas, a Academia Sueca decidiu publicá-la e entregá-la às autoridades, além de anunciar reformas.

O relatório descarta que Arnault tenha influenciado nas decisões sobre prêmios e subsídios, embora o apoio econômico recebido viole as regras de imparcialidade, já que sua esposa é co-proprietária da sociedade que controla o clube; e confirma que a confidencialidade sobre o vencedor do Nobel foi violada em várias ocasiões.

O rei Carlos XVI Gustavo, protetor da academia, anunciou no mês passado uma reforma para permitir a real renúncia dos seus membros, por vontade própria ou após dois anos sem participar ativamente, e a possibilidade que sejam substituídos.

As renúncias são simbólicas e só se traduzem em não participar de votações e atividades, uma vez que a associação é vitalícia e somente novos membros são escolhidos quando um deles morre.

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