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Mahsa Ahmadi, a iraniana que supera tudo para ser dublê

Mahsa Ahmadi ateia fogo em seu corpo, voa de paraquedas e se deixa ser atropelada: trata-se da única iraniana que trabalha como dublê de cenas de perigo.

007 (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2014 às 12h08.

Mahsa Ahmadi ateia fogo em seu corpo, voa de paraquedas, se taca de pontes e helicópteros e se deixa ser atropelada: trata-se da única iraniana que trabalha como dublê de cenas de perigo e que quer mostrar que tudo é possível, inclusive para uma mulher na República Islâmica do Irã.

Aos 24 anos, tem um corpo invejável e um sorriso doce que emoldura o véu com o qual, seguindo a lei de vestimenta do país, tem que estar coberta sempre que está fora de casa ou com homens que não sejam de sua família.

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Mahsa começou a fazer esporte aos seis anos. Aos sete, ganhou sua primeira competição infantil em ginástica artística, que praticou até a idade permitida, os 18 anos.

Mas meses antes do abandono forçado, já tinha encontrado o que se transformaria em sua paixão profissional: um grupo de "stunt", dublês de cenas de risco, cujo diretor, Arsha Aghdasi, não sem muitas reservas, se arriscou a admitir uma mulher.

"Eu não queria mulheres porque não é fácil trabalhar com elas aqui. Têm que usar muitas roupas, os homens não podem treinar com elas, e é proibido o contato físico. Mas ela insistiu, insistiu muito", lembrou sorrindo à Agênia Efe Aghdasi, diretor do grupo de dublês de risco "Stunt 13".

Hoje, dos 18 que começaram o curso com Mahsa há seis anos, apenas ela ficou.

"No primeiro dia, já me dei conta do quanto o físico era exigido, mas eu amo essa profissão. O meu sonho era esse", explicou a pioneira atleta e atriz.

Além de se destacar na ginástica artística, Mahsa é faixa preta em wushu, campeã local em kung fu e domina outros esportes como hipismo, paraquedismo, parapente, natação, puenting, bungee jumping, parkour e tiro com arco a cavalo.

Ela foi a primeira mulher no Irã a fazer um salto de bungee jumping e a primeira a se tornar treinadora do esporte.

Também é a primeira e única mulher no país que saltou de um helicóptero e a primeira a fazer paraquedismo no Irã.

"Para mim, isso é uma forma de motivar as demais mulheres a fazer esporte e de mostrar que podemos fazer o que quisermos", comentou.

Mahsa sabe que, para fazer o que faz, é necessário "gostar do perigo", embora afirme que não o faz por isso, mas sim "pela emoção".

"Quando você faz alguma destas coisas, acaba se perdendo em sua própria emoção. Não dá tempo de pensar no medo. Aproveito muitíssimo fazendo o que faço", afirmou.

De paraquedas já saltou 97 vezes, embora só uma delas no Irã. Tem a sorte de ter uma família que a apoia e que não limita seus sonhos.

"Eles se preocupam, claro. Mas me deixam decidir. Nunca tive problemas para fazer o que quero", declarou.

Com a produção de 100 filmes por ano, às vezes, a "Stunt 13" fica pequena e é preciso ir ao exterior para trabalhar. Sua participação mais importante foi, sem dúvida, há dois anos na gravação de "007 - Operação Skyfall", na Turquia.

Nele, Mahsa aparece sendo atropelada e fazendo diversas piruetas.

A "Stunt 13" afirma que não recebe qualquer ajuda do governo e que cresceu, fundamentalmente, graças à divulgação de seu trabalho na internet.

Eles se queixam da falta de equipamentos de qualidade e de um lugar adequado para treinar. Muitas vezes, fazem os treinos ao ar livre ou em um teatro que está desocupado e pegam emprestado.

A presença de Mahsa complica os treinamentos. Homens e mulheres não devem se tocar e, por isso, nos centros esportivos os horários e instalações são completamente separados.

Ela sorri de forma enigmática quando perguntada como consegue treinar se não pode encostar em seus colegas, e se limita a responder que o grupo "cumpre com a lei".

É preciso praticar os exercícios com o cabelo, braços e pernas cobertos e, quando treina em algum lugar com homens, precisa se retirar quanto algum desconhecido entra no grupo.

"A parte boa é que, estando tão coberta, fico mais protegida do que se usasse uma minissaia", concluiu vendo o lado bom da situação.

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